A presidenta
Dilma conseguiu passar para história - como está exterminando o programa de aids
brasileiro e transformando o Departamento de Aids em uma masmorra a ser
visitado, em breve, como um museu que guarda-fatos históricos da luta contra
aids.
Sempre votei na
esquerda, ou quase, mas não podemos permitir que as bandeiras partidárias tapem
nossas bocas.
Sinto-me muito
a vontade por não ter votado no Serra, que foi um ministro que teve a ousadia de
colocar a primeira campanha direcionada ao público-gay na televisão e principais
órgãos da imprensa escrita no Brasil.
Como uma mulher
que foi eleita com grande respaldo dos movimentos organizados agora se joelha
diante dos conservadores religiosos e começa a destruir uma história cheia de
lutas e mortes? Como caminhar com uma presidenta que usa seu discurso de
Direitos Humanos como lhe convém esquecendo a essência do que rege uma
conquista universal?
As ONGs/aids
sempre cometeram seus erros, mas nenhuma esteve envolvida nos escândalos que
assola o Planalto Central – ONG’s, até mesmo de cunho religioso transformam os
sonhos de mudanças em lavanderias. O Movimento de Luta Contra AIDS nunca pecou
pela omissão e sempre teve a coragem de gritar ao mundo que a vida deveria estar
acima de quaisquer conceitos e pré-conceitos.
Nessa luta,
dividimos o tempo do luto com a luta e construímos algo parecido com o
verdadeiro SUS que sempre lutamos. Enquanto políticos assumiam a autoria do “
Melhor programa de aids do mundo”, o movimento continuava a caminhar, e
avançando em suas conquistas.
Quantos amigos
perdemos? Quantas famílias ficaram e ficam órfãos de uma doença que mata o
sistema imunológico e alimenta o preconceito? Qual a diferença entre uma
ditadura com suas torturas horrorosas e a AIDS? As ditaduras não são passíveis
de derrubar o preconceito.
Nesse momento,
Dilma se esquece de pessoas como Herbert Daniel, Betinho, Peruzzo ,Bonfim e
milhares de anônimos não menos importantes, preferindo voltar seu pragmatismo a
movimentos religiosos conservadores que trazem o Planalto preso às rédeas da
chantagem.
Dilma não
conhece a história da AIDS.
Por onde anda a
Frente Parlamentar de gays e luta contra AIDS que usam os movimentos em seus
panfletos em época de eleições nesse momento?
DORMINDO NOS
BRAÇOS DO PODER.
O momento que
estamos vivendo é dramático e não podemos chorar, porque as lágrimas podem
aliviar o espírito, mas não trazem solução. Precisamos partir para indignação:
gritar para o mundo que o Brasil não é mais o mesmo; gritar para o mundo que não
podemos aceitar uma presidenta que se curve diante das pressões de movimentos
religiosos conservadores, ao invés de ouvir o clamor da sociedade em seus
extratos mais vulneráveis.
Para que servem
os nossos ativistas que hoje estão próximos do governo? Hoje eles não servem
para quase nada e que causam certa comoção pelos sapos de saias que estão
engolindo. O Departamento de Aids – do Ministério da Saúde - não tem mais
autonomia, vive sobre a intervenção do gabinete ministerial.
Dilma nos
envergonha e não podemos nos dobrar diante de tal atitude. Vamos nos rebelar.
Nesse momento a Frente Parlamentar deve dizer a que veio ou estará fadada a ser
enterrada pelo descrédito. A nossa cidadania corre risco e em memória dos que
foram e dos que tem direito a vida chegou a hora de dizer
BASTA.
Jose Araujo
Lima
Um comentário:
É um absurdo que a presidenta Dilma está fazendo! Dando poder a um grupo que se quer é maioria no Planalto. Onde iremos parar? na criminalização dos homossexuais?
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