10.08.2011Tuberculose: Controle deve extrapolar área da saúde
Projeto Fundo Global TB - Brasil

Durante a sessão solene da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que concedeu, na última segunda-feira (dia 8), o Título de Benemérita do Estado à Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), instituição responsável pela produção da vacina BCG no Brasil, seu presidente Germano Gerhardt Filho defendeu que o controle da tuberculose exige a redução dos determinantes sociais da doença em populações miseráveis e mais vulneráveis. Segundo ele, além do desenvolvimento técnico que permita o controle da co-infecção TB-HIV e das estirpes bacilos resistente e multirresistentes aos medicamentos, a tuberculose exige uma gestão pública e política mais qualificada.
Roberto Pereira, do Fórum Estadual de ONGs na Luta Contra a Tuberculose, sugeriu que os secretários estadual e municipal de saúde visitem as unidades de saúde como cidadãos e usuários do SUS, e não como autoridades, para que conheçam de fato esta realidade. “Precisamos de uma solução urgente que garanta o acesso de todos os pacientes e casos suspeitos aos exames e tratamento da tuberculose”, defendeu ele.

A PhD em epidemiologia, Maria Lucia Penna, concorda: a chave para o controle efetivo e duradouro da doença é a melhoria das condições socioeconômicas, aumentando a resistência das pessoas ao bacilo. Segundo ela, este foi o fator responsável pela redução da tuberculose nos países desenvolvidos. Como não há imunização completa no caso da tuberculose, as políticas públicas devem extrapolar o diagnóstico precoce e o tratamento, como forma de eliminar as fontes de infecção. A vacina BCG não previne todas as formas de tuberculose. Com uma eficácia de 80% para as formas graves da doença, ela "simula" a primeira infecção natural sem seus riscos, impedindo principalmente as formas graves em crianças. Mas não impede entretanto o aparecimento de formas pulmonares infectantes em jovens e adultos, não interrompendo portanto a transmissão.
Reconhecimento
O título foi concedido à FAP por iniciativa da Frente Parlamentar de Combate ao HIV/Aids e Tuberculose (ALERJ) em reconhecimento ao trabalho da instituição no combate à doença. Além da produção de vacinas BCG e Imuno BCG, a FAP atua na articulação, capacitação e fomento da mobilização social para controle da doença, promovendo a constante discussão e troca de experiências com representantes da sociedade civil e da academia tendo em vista uma abordagem holística da doença e seus determinantes sociais.
Margareth Dalcomo, do Centro de Referência Professor Hélio Fraga – Fiocruz, destacou que, mais que isso, a FAP foi a responsável pela ruptura de paradigmas muito conservadores no tratamento da tuberculose por obra e dedicação do homenageado, Germano Gerhaldt Filho, que enfrentou muita crítica e desconfiança, incluindo de organismos internacionais,

Para finalizar, o presidente da Frente Parlamentar Aids e Tuberculose (ALERJ), deputado Gilberto Palmares, anunciou duas importantes inciativas políticas: a articulação para a criação de uma central de internações do estado, que deverá acabar com as filas de espera e melhorar o aproveitamento dos leitos disponíveis em toda a rede; e a inclusão de indicadores da tuberculose entre os indicadores que nortearão o Programa Nacional de Erradicação da Miséria. “Esta é uma doença que persiste devido à miséria. Por isso, não temos que dialogar só com gestores de saúde, mas também com outras áreas como a habitação e a assistência social”, afirmou.
Fotos
Sessão solene na Alerj pelo Dia Estadual de Conscientização e Combarte à Tuberculose (6 de agosto)

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Carlos Basilia
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