sábado, agosto 13, 2011

Tuberculose: Controle deve extrapolar área da saúde.


10.08.2011Tuberculose: Controle deve extrapolar área da saúde
Projeto Fundo Global TB - Brasil
A tônica das comemorações que marcaram a edição 2011 do Dia Estadual de Luta contra a Tuberculose no Rio de Janeiro, foi a defesa de uma abordagem holística da tuberculose que extrapole a área da saúde. Ao longo da programação realizada nos dias 8 e 9 deste mês, cientistas, autoridades, gestores, profissionais da saúde e representantes de ONG defenderam uma abordagem efetiva dos aspectos sociais que estão diretamente relacionados à infecção e ao adoecimento, como a fome, as más condições de moradia e de higiene, entre outros aspectos.
Durante a sessão solene da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que concedeu, na última segunda-feira (dia 8), o Título de Benemérita do Estado à Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), instituição responsável pela produção da vacina BCG no Brasil, seu presidente Germano Gerhardt Filho
defendeu que o controle da tuberculose exige a redução dos determinantes sociais da doença em populações miseráveis e mais vulneráveis. Segundo ele, além do desenvolvimento técnico que permita o controle da co-infecção TB-HIV e das estirpes bacilos resistente e multirresistentes aos medicamentos, a tuberculose exige uma gestão pública e política mais qualificada.
Roberto Pereira, do Fórum Estadual de ONGs na Luta Contra a Tuberculose, sugeriu que os secretários estadual e municipal de saúde visitem as unidades de saúde como cidadãos e usuários do SUS, e não como autoridades, para que conheçam de fato esta realidade. “Precisamos de uma solução urgente que garanta o acesso de todos os pacientes e casos suspeitos aos exames e tratamento da tuberculose”, defendeu ele.

Claudio Costa Neto, químico e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
ratificou a tese de que a miséria é a maior causa desta e de outras doenças ditas tropicais. Segundo ele, durante o trabalho de campo na região de Vila Rosário, em Duque de Caxias, uma das regiões de maior incidência da doença no País, a relevância das questões sociais se impôs, direcionando o trabalho ao que ele chamou de “cadeia da miséria”, caracterizada por cinco elos: doença, fome, renda, educação e cultura.
A PhD em epidemiologia, Maria Lucia Penna, concorda:
a chave para o controle efetivo e duradouro da doença é a melhoria das condições socioeconômicas, aumentando a resistência das pessoas ao bacilo. Segundo ela, este foi o fator responsável pela redução da tuberculose nos países desenvolvidos. Como não há imunização completa no caso da tuberculose, as políticas públicas devem extrapolar o diagnóstico precoce e o tratamento, como forma de eliminar as fontes de infecção. A vacina BCG não previne todas as formas de tuberculose. Com uma eficácia de 80% para as formas graves da doença, ela "simula" a primeira infecção natural sem seus riscos, impedindo principalmente as formas graves em crianças. Mas não impede entretanto o aparecimento de formas pulmonares infectantes em jovens e adultos, não interrompendo portanto a transmissão.
Reconhecimento
O título foi concedido à FAP por iniciativa da Frente Parlamentar de Combate ao HIV/Aids e Tuberculose (ALERJ) em reconhecimento ao trabalho da instituição no combate à doença. Além da produção de vacinas BCG e Imuno BCG, a FAP atua na articulação, capacitação e fomento da mobilização social para controle da doença, promovendo a constante discussão e troca de experiências com representantes da sociedade civil e da academia tendo em vista uma abordagem holística da doença e seus determinantes sociais.

Margareth Dalcomo, do  Centro de Referência Professor Hélio Fraga – Fiocruz, destacou que, mais que isso, a FAP foi a responsável pela ruptura de paradigmas muito conservadores no tratamento da tuberculose por obra e dedicação do homenageado, Germano Gerhaldt Filho, que enfrentou muita crítica e desconfiança, incluindo de organismos internacionais, quando defendeu que era possível abordar e curar a TB com tratamento de curta duração, numa época em que ainda se preconizava longas internações.

Para finalizar, o presidente da Frente Parlamentar Aids e Tuberculose (ALERJ), deputado Gilberto Palmares, anunciou duas importantes inciativas políticas: a articulação para a criação de uma central de internações do estado, que deverá acabar com as filas de espera e melhorar o aproveitamento dos leitos disponíveis em toda a rede; e a inclusão de indicadores da tuberculose entre os indicadores que nortearão o Programa Nacional de Erradicação da Miséria. “Esta é uma doença que persiste devido à miséria. Por isso, não temos que dialogar só com gestores de saúde, mas também com outras áreas como a habitação e a assistência social”, afirmou.
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Carlos Basilia
Observatório Tuberculose Brasil
Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social - IBISS
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