Em média, um homossexual foi morto no País a cada um dia e meio
Thiago Guimarães, iG Bahia | 04/04/2011 13:48
O Brasil registrou 260 casos de homicídios contra gays e travestis em 2010, aumento de 31% em relação ao ano anterior. Ou seja: em média, um homossexual foi morto no País a cada um dia e meio. Em relação aos números de 2007, o número representa crescimento de 113% nos assassinatos de cunho homofóbico (de ódio ou aversão a homossexuais).
Nunca antes assassinaram tantos homossexuais no País”, afirma Luiz Mott, presidente do GGB
Os dados são da ONG GGB (Grupo Gay da Bahia), que contabiliza esses crimes anualmente, a partir de registros na imprensa e de informações enviadas à entidade. “Nunca antes assassinaram tantos homossexuais no País”, afirma Luiz Mott, presidente do GGB.
Pelo segundo ano consecutivo, a Bahia foi o Estado que registrou o maior número de casos, com 29 assassinatos (15 gays e 14 travestis), seguido por Alagoas (24 casos), Rio de Janeiro e São Paulo (23 casos cada).
Em termos relativos, que leva em conta a população do Estado, Alagoas lidera o ranking dos homicídios homofóbicos. Por esse critério, Maceió também é a capital mais perigosa para os homossexuais, com nove casos na cidade de 932 mil habitantes. Superou Salvador (oito casos e 2,6 milhões de moradores), Rio de Janeiro (sete casos e 6,3 milhões de habitantes) e São Paulo (três casos e 11 milhões de moradores).
Em relação ao maior número de casos na Bahia, Mott minimiza eventuais efeitos na coleta de dados pelo fato de o GGB ter sede no Estado. “Não é só por maior eficiência na coleta de dados no Estado. De fato, infelizmente, a Bahia tem se destacado pela intolerância”, disse.
O Nordeste, aponta o GGB, é a região mais homofóbica: somou 43% dos homicídios. Sudeste (27%), Centro-Oeste (10%), Norte (10%) e Sul (9%) vieram em seguida. Os principais alvos dos crimes foram pessoas de 20 a 29 anos, que representaram 28% dos casos. Menores de 18 anos foram 7% das vítimas. O caso de vítima mais nova compilado pela ONG foi o de um travesti de 14 anos morto no centro de Maceió. Um aposentado de 78 anos morto a golpes de facão em União dos Palmares (AL) foi a vítima mais velha.
Disparos de arma de fogo foram a causa mais comum nos homicídios registrados pela ONG: 43% dos casos. Depois vieram as facadas (27% dos registros), como o caso de travesti de Montalvânia morto com 72 golpes de faca. Segundo o GGB, 90% dos homicídios de travestis foram cometidos na rua. A maior parte dos crimes (63%) ocorreu no interior, e os registros nas capitais somaram 37%.
Diante dos números, o GGB anunciou que irá denunciar o governo brasileiro na ONU (Organização da Nações Unidas) e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), pelos supostos crimes de “prevaricação [retardar ou deixar de praticar ato de ofício]” e “lesa humanidade contra os homossexuais”. Para a ONG, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência “não implementou em tempo hábil” ações de defesa dos homossexuais.
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