terça-feira, abril 05, 2011

Escola pune estudante que bateu em colega só depois de vídeo da agressão vazar na internet


A direção da escola Professor Gentil de Albuquerque Malta, localizada em Mata Grande (AL), decidiu punir um estudante que agrediu o colega no pátio durante o intervalo das aulas somente após o vídeo da agressão vazar na internet e o Conselho Tutelar da cidade pedir providências em relação ao caso.
A vítima, que tem 15 anos, teria apanhado por causa de um suposto boato de que ela e o agressor mantinham um relacionamento amoroso.


Não houve nenhum tipo de intervenção de funcionários ou professores até que o vídeo com o registro do que aconteceu foi parar na internet, postado pelo próprio agressor há duas semanas. Quando tomou conhecimento do caso, o Conselho Tutelar questionou a escola, que decidiu suspender o agressor por seis dias. Quando retornar às aulas esta semana, o aluno que bateu no colega passará a estudar em turno diferente da vítima.
A secretaria informou que, além da suspensão e da mudança de turno, a 11ª Coordenadoria de Educação está acompanhando os dois envolvidos e suas famílias, a fim de evitar novos problemas. Uma reunião entre Conselho Tutelar, secretaria e familiares da vítima está marcada para esta terça-feira (5), para discussão de possíveis novas medidas de proteção ao estudante agredido.
Em pouco mais de três minutos de vídeo, o estudante leva nove tapas nos braços e no rosto e em nenhum momento reage aos atos de violência. Além das agressões físicas, o adolescente também fez várias agressões verbais, com palavrões, e ainda apelidou o colega de “Lady Gaga”.

Repercussão

Segundo a conselheira tutelar Roberta Alencar, responsável pelo caso, o menor agredido passará por um tratamento psicológico. “Não foi uma brincadeira, foram agressões sérias e que precisam servir de exemplo para que não ocorram mais”, disse.
Ela contou que assim que soube das agressões e divulgação do vídeo na internet procurou a direção da escola e exigiu que, a partir de agora, o conselho seja notificado de casos semelhantes. “Após esse episódio, fui de sala em sala falar sobre agressões e alertar sobre uso de estiletes, por exemplo, em sala”, afirmou.
Segundo Alencar, todos os procedimentos já foram concluídos, e o caso espera agora para um parecer do MP (Ministério Público) para que a Justiça defina a punição ao agressor. “A juíza da cidade já deu uma advertência, e a delegacia já concluiu a investigação. O que falta agora é uma ação do MP. Como ele não é reincidente, temos que aguardar”, informou.
O UOL Educação não conseguiu contato com o jovem agredido. Mas, em entrevista à TV Gazeta na última quarta-feira (30), sem revelar o rosto e sem informar o nome, a vítima negou que tenha espalhado qualquer boato no colégio. “Dois dias antes de começar a aula eu estava conversando com ele, que eu estava ‘ajeitando’ uma garota para ele. Aí duas meninas disseram para ele que eu estava dizendo que eu estava saindo com ele, mas é mentira isso”, disse. O agressor não quis falar com a imprensa.
Na última quinta-feira (31), um dia após a divulgação das imagens da agressão, o tema bullying foi discutido na Assembleia Legislativa do Estado. Após a divulgação do vídeo, o deputado João Henrique Caldas (PTN) sugeriu a criação de uma liga estadual para combater a prática.

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