quinta-feira, agosto 09, 2012

Paes faz agenda secreta ao lado de políticos investigados

Ato não estava no programa oficial do candidato, que diz que era só convidado

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Aliados. O prefeito Eduardo Paes (à direita) aplaude os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão (com microfone) diante dos deputados Eduardo Cunha (de terno) e Pedro Augusto
Foto: O Globo / Gustavo Stephan
Aliados. O prefeito Eduardo Paes (à direita) aplaude os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão (com microfone) diante dos deputados Eduardo Cunha (de terno) e Pedro Augusto O Globo / Gustavo Stephan
RIO - A agenda era secreta, e os aliados, de longa data. Na segunda-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB, participou do lançamento da campanha do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) na Taquara, Zona Oeste. Às 21h, sorridente, Paes cruzou a quadra do Clube Recreativo Português diante de cerca de mil pessoas e subiu no palanque para pedir votos. Ao seu lado, estavam o deputado estadual Domingos Brazão e o deputado federal Eduardo Cunha, ambos do PMDB. Brazão é citado num processo da máfia dos combustíveis. Cunha é investigado por suposto tráfico de influência na Refinaria de Manguinhos.
Desde 2004, Domingos aparece nas investigações da Polícia Federal sobre a máfia dos combustíveis no Rio, que adulterava o produto e o vendia com notas fiscais falsas. O processo tramita na Justiça Federal desde 2006.
Já Cunha é investigado num inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) fruto de um relatório da Polícia Civil do Rio. Há suspeitas de que o deputado tenha feito parte de um esquema de fraude e tráfico de influência dentro da Refinaria de Manguinhos. No mesmo inquérito de Cunha, também figura como investigado o candidato a vereador pelo PT Marcelo Sereno, afilhado político de José Dirceu, réu no mensalão. No último sábado, Paes fez caminhada com Sereno em Campo Grande, na Zona Oeste.
Os peemedebistas adotaram um tom mais inflamado do que o que vinham utilizando nas agendas públicas. Todos falaram da vitória de Paes já no primeiro turno, em 7 de outubro. Sem citar nomes, atacaram a gestão do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) e a do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Neste ano, os dois lançaram chapa formada por seus filhos, Rodrigo Maia e Clarissa Garotinho.
— O prefeito tem uma eleição praticamente resolvida no primeiro turno, mas temos que pedir votos todos os dias senão essas pessoas que estão aí vão atrapalhar nossa vida — destacou Domingos Brazão. — Precisamos mostrar que, no PMDB, é para ganhar e ganhar bem.
— Precisamos colocá-lo (Paes) lá, no primeiro turno para não deixar essa politicagem tomar conta da campanha brilhante do nosso prefeito — afirmou Chiquinho Brazão, candidato à reeleição, entre aplausos de Paes.
O prefeito elogiou a família Brazão. Disse que os dois irmãos são seus aliados desde que era subprefeito da Barra da Tijuca, na gestão de Cesar Maia, e que Chiquinho e Domingos “representam muito bem os interesses da população”, com trânsito em seu gabinete.
— O Rio é uma cidade grande. É inviável para um prefeito saber de tudo. Domingos faz uma papel fundamental na representação de Jacarepaguá, e o Chiquinho é o vereador que mais perturba esse prefeito, cobrando coisas para a região — disse Paes.
No discurso, o prefeito comparou sua gestão à de seu antecessor, Cesar Maia:
— (Antes) Governador xingava prefeito, prefeito xingava governador. Todo mundo xingava todo mundo. E, nessa briga do rochedo contra o mar, quem sempre se deu mal foi o povo carioca. Hoje a prefeitura põe o interesse dos cariocas acima dos interesses de projeto eleitoral pessoal — discursou Paes.
O ato com Brazão e Cunha não constava da agenda oficial do candidato. Nesta terça-feira, em nota, Paes minimizou sua participação no evento. Disse que era só um convidado: “O vereador Chiquinho Brazão é o responsável por decidir quem convida para o seu palanque. As agendas divulgadas de Eduardo Paes são somente aquelas organizadas pela coordenação da sua própria campanha”.
No evento, Chiquinho distribuiu um informativo de campanha com oito páginas, com 29 fotos de Paes e quatro do governador Sérgio Cabral (PMDB).

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