A
barbárie brasileira em relação aos homossexuais chega às terras norte-americanas
em forma de arte. Cyríaco Lopes, artista plástico brasileiro, radicado nos
Estados Unidos e professor de arte na City University of New York (John Jay
College), expõe a partir de 7 de agosto, na President’s Gallery, em Nova York,
sua série Crimes Against Love (Crimes contra o Amor).
São mortalhas (o lençol que envolve os mortos) com fotos de esculturas antigas impressas em tecidos e um texto que conta de forma sucinta algum assassinato violento contra homossexuais no país. O artista percebe que existe uma verdadeira guerra contra os gays no Brasil.
“___, 2012. Enterrado vivo pelo padrasto. Tinha 14 anos e tentava ser abertamente gay”, diz a legenda que acompanha a mortalha. O grito parece ancestral, mas como uma dor que ainda ecoa nos dias de hoje.
Ao fotografar esculturas antigas, desgastadas, o artista evoca o tempo como senhor do passado e do presente, como algo que está no passado e continua no presente, no caso a violência (desse tempo) e de forma mais explícita, a homofobia.
O historiador da arte E. H. Gombrich, no seu clássico livro “A História da Arte” em sua leitura sobre as estátuas gregas do período clássico escreve: “[...] Erguem-se diante de nós como seres humanos de verdade, mas ao mesmo tempo, como seres de um mundo diferente e melhor. São, de fato, seres de um mundo diferente, não porque os gregos fossem mais sadios ou mais belos que os outros homens – não há qualquer razão para pensar que fossem -, mas porque a arte, nesse momento, atingiria um ponto em que o típico e o individual eram colocados num novo e delicado equilíbrio.”
Podemos estender esta visão do estatuário grego para outras artes das antigas civilizações, principalmente as que sofreram influência da cultura grega, o chamado período helenístico como uma das chaves para entender que Lopes está propondo um mundo diferente e melhor, aquelas peças destruídas pelos tempos foram seres diferentes e em certo sentido, em sua diversidade típica e individual, seres melhores.
Outro ponto importante a enxergar é que ao escolher imagens de estátuas da Idade Antiga, temos na verdade que recorrer ao espaço off, aquilo que não pode ser visto. Os estudiosos da arte antiga tem que completar com a imaginação os braços de uma Vênus de Milo ou um torso etrusco. E com a mesma imaginação que temos que deslumbrar as vidas perdidas no Brasil por causa da homofobia. A extensão dos corpos que não puderam viver em sua plenitude, mas apesar da agressão dos tempos, eles ainda ora sussurram ora gritam o quanto nosso país está longe daquilo que pode ser chamado de civilização.
A arte contra o ódio!
São mortalhas (o lençol que envolve os mortos) com fotos de esculturas antigas impressas em tecidos e um texto que conta de forma sucinta algum assassinato violento contra homossexuais no país. O artista percebe que existe uma verdadeira guerra contra os gays no Brasil.
“___, 2012. Enterrado vivo pelo padrasto. Tinha 14 anos e tentava ser abertamente gay”, diz a legenda que acompanha a mortalha. O grito parece ancestral, mas como uma dor que ainda ecoa nos dias de hoje.
Ao fotografar esculturas antigas, desgastadas, o artista evoca o tempo como senhor do passado e do presente, como algo que está no passado e continua no presente, no caso a violência (desse tempo) e de forma mais explícita, a homofobia.
O historiador da arte E. H. Gombrich, no seu clássico livro “A História da Arte” em sua leitura sobre as estátuas gregas do período clássico escreve: “[...] Erguem-se diante de nós como seres humanos de verdade, mas ao mesmo tempo, como seres de um mundo diferente e melhor. São, de fato, seres de um mundo diferente, não porque os gregos fossem mais sadios ou mais belos que os outros homens – não há qualquer razão para pensar que fossem -, mas porque a arte, nesse momento, atingiria um ponto em que o típico e o individual eram colocados num novo e delicado equilíbrio.”
Podemos estender esta visão do estatuário grego para outras artes das antigas civilizações, principalmente as que sofreram influência da cultura grega, o chamado período helenístico como uma das chaves para entender que Lopes está propondo um mundo diferente e melhor, aquelas peças destruídas pelos tempos foram seres diferentes e em certo sentido, em sua diversidade típica e individual, seres melhores.
Outro ponto importante a enxergar é que ao escolher imagens de estátuas da Idade Antiga, temos na verdade que recorrer ao espaço off, aquilo que não pode ser visto. Os estudiosos da arte antiga tem que completar com a imaginação os braços de uma Vênus de Milo ou um torso etrusco. E com a mesma imaginação que temos que deslumbrar as vidas perdidas no Brasil por causa da homofobia. A extensão dos corpos que não puderam viver em sua plenitude, mas apesar da agressão dos tempos, eles ainda ora sussurram ora gritam o quanto nosso país está longe daquilo que pode ser chamado de civilização.
A arte contra o ódio!
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