segunda-feira, abril 02, 2012

Jovem diz que bullying virou agressão quando assumiu que era gay


Foto: colegioonofrepires.blogspot
Rachel Duarte
O adolescente C.T., que deixou uma escola estadual gaúcha por bullying homofóbico, já começou as aulas em uma escola particular. Após denúncia do caso no Sul21 nesta segunda-feira (19), a Secretaria Estadual de Educação, a Coordenadoria Estadual de Diversidade Sexual e a Promotoria da Infância e Juventude foram a Santo Ângelo apurar o caso junto à 14ª Coordenadoria Estadual de Educação (CRE). O grupo se deslocou no final da manhã desta terça-feira (20) e tentará reverter o quadro de evasão do adolescente. “Ele sair da escola é deixar a homofobia vencer”, disse o coordenador de Diversidade, Fábulo Nascimento.
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O coordenador conta que fez contato telefônico com o jovem agredido no último dia 13 e irá prestar apoio e orientação sobre o caso. A intenção do grupo é interceder junto à escola e apurar o tratamento dado ao caso e o tratamento da rede diante do bullying que o aluno diz sofrer desde o começo do ano letivo.
“Eu sofro bullying desde que cheguei à escola. Além de ser aluno novo, que já sofre bullying normalmente, eu assumi que era gay na aula de história quando a professora pediu que cada um se apresentasse e contasse um pouco da vida”, contou C.T nesta terça-feira ao Sul21. “Mas, nunca havia passado de brincadeiras de mau gosto. Foi quando admiti minha homossexualidade que começaram as agressões verbais e morais mais fortes”, revela.
“Quando assumi na aula que era gay as agressões intensificaram”
De acordo com o adolescente, ele também sofreu discriminação quando defendeu, numa aula de filosofia, o trabalho realizado pelas entidades de apoio aos direitos dos homossexuais. “Um aluno levou um ursinho e começou a simular sexo anal e me agredir verbalmente. Pediam para eu sair da escola. ‘Sai da Onofre Pires (Escola Estadual), imundícia!’, me diziam”, afirma.
Na página de C.T. no facebook é possível constatar que ele vinha sendo vítima de bullying. Desde os primeiros dias de março ele postava comentários de automotivação para enfrentar o preconceito, a homofobia e as dificuldades.  “A única coisa que eu pensava era em me matar, pra ser bem sincero”, contou.
No dia em que a violência passou de palavras a golpes físicos, C.T. conta que deu um tempo antes de deixar a sala de aula e pediu apoio de uma professora. Ele acusa a escola de negligência antes e depois do episódio. “Na hora da agressão a diretora da escola estava chegando e foi a minha sorte. Ela interrompeu a coisa e me levou na delegacia. Se não, não sei o que teria acontecido”, relata.
O caso na Escola Estadual Onofre Pires está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Santo Ângelo e nenhuma arma branca foi encontrada com o adolescente agressor. Mas, segundo C.T., houve a ameaça de uso de uma faca na hora do conflito. “Não vi se era ou não. Mas ele me disse que eu iria tomar facada para aprender a ter medo dele”, diz C.T.
A família do adolescente não sabe se irá conseguir manter os custos da escola particular onde o filho se matriculou. Foi pedido sigilo sobre o nome da nova instituição. “O importante é que não vamos deixar ele retornar para aquela escola porque ele não consegue mais voltar para lá”, disse a mãe de C.T., T. T. “Ele vinha se queixando que jogavam papeis nele nas aulas”, diz.
De acordo com a mãe do adolescente, desde que ele assumiu a homossexualidade em casa, há cerca de um ano, a família passou a apoiá-lo para enfrentar o preconceito. “A sociedade não está preparada para lidar com o que é diferente. Aqui no interior isto é ainda mais forte”, considera.
“Eu quis levar esta história a público para que ninguém mais sofra o que eu sofri com o despreparo das escolas nos casos de bullying e homofobia. Eu não posso deixar o preconceito vencer. Eu demorei para me aceitar. Me assumi com 13 anos e digo que o tem que mudar é a educação das pessoas para existir menos preconceito”, diz C.T.


fonte http://sul21.com.br/jornal/2012/03/jovem-diz-que-bullying-virou-agressao-quando-assumiu-que-era-gay/
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