Que façam rufar os tambores. Toda honra e glória ao GGB da
Bahia
Por MARCELO CERQUEIRA, presidente do GGB ggb@ggb.org.br
Especial para o site WWW.doistercos.com.br
Eu sou suspeito para falar sobre essas três décadas e dois
anos do GGB de sua honra e glorificação, uso aqui expressão do cantor Caetano
Veloso ao fazer referência a entidade em artigo publicado no Correio da Bahia
criticando o jornalista José Augusto Berbet de Castro que escrevia de forma
constante em sua crônica diária sobre cinema as expressões “Mantenha a cidade
limpa, mate uma bicha, por dia” e não parava por ai era um terror “Matar veados
não é crime, é caçada” e havia outras perolas malditas do homofobico Berbet de
Castro.
Mano Cae declarou naquele meio de comunicação “ GGB é o
orgulho da Bahia” e eu também acho Leãozinho, Menino do Rio, Novo Bárbaro! Eu
acredito que além de ser um orgulho é traço forte de nossa cultura LGBT
imaterial que deve ser preservada como patrimônio cultural, simbólico e concreto
de todos os LGBT da Bahia e do Brasil.
O GGB que nasceu ao apagar das luzes do último governo
militar e cresceu um intrépido e robusto “muleque” preto alimentado
nababescamente pelas idéias anárquicas francesas de Sartre e Simone de Beauvoir
e era amiguinho de outro “muleque” mais espevitado, danadinho conhecido como o
Inimigo do Rei. O GGB fundado por Luiz Mott, então presidente de honra surgiu a
partir de uma ação de violência no Porto da Barra. Mott professor substituto na
Universidade de Campinas da professora Ruth Cardoso, convidado pela diretora da
Faculdade de Filosofia a lecionar sociologia na Universidade Federal da Bahia
(UFBA), recém chegado à Bahia caminhava numa tarde de domingo de mãos dadas com
Aroldo Assunção, seu companheiro na época quando de forma inesperada Exu manda
um mensageiro acertar-lhe com um soco o seu rosto. Mott nascido em família
tradicional paulista, formado pela Sorbonne de Paris, nunca havia apanhado
daquela maneira.
O soco mandado por Exu foi um alerta de que dias piores
viriam se algo não fosse feito naquele momento, e Mott fez, entendeu o recado do
dono da rua. Ele buscou juntar os gays e botou a baiana para rodar, rodar, rodar
e continua rodando e gerando alegria até hoje 29 de fevereiro quando completa 32
anos.
O GGB se tornou hoje um homem gay com identidade masculina,
adulto, macho, preto, branco, mestiço que não é machista e se solidariza com os
marcos referenciais de luta para o aprimoramento da sociedade, igualdade dos
gêneros e eliminação da homofobia, machismo, racismo e todas as formas de
violência contra o gênero feminino. Antes morrer que deixar de lutar!
É um honra, felicidade enorme poder nesse momento estar à
frente dessa entidade quanto completa 32 anos de luta ininterrupta, sem férias,
sem descanso pela erradicação da homofobia que consideramos uma verdadeira praga
do século. Por mais de 20 anos o GGB brigou só contra um exercito de opositores
era Davi contra Golias, luta desigual.
O GGB foi o primeiro grupo do gênero a ser registrado em
Cartório de Ofícios, o primeiro a ter personalidade jurídica, a ser reconhecido
com o titulo de Utilidade Pública em todo o Brasil, articulou abaixo assinado
nacional pela retirada da homossexualidade da classificação de doença do INPS,
hoje considerada uma orientação sexual saudável. Foi o primeiro a trabalhar na
luta contra o HIV e logo entendeu que a camisinha não era uma intervenção médica
na sexualidade, mas sim uma barreira física eficaz de proteção contra a infecção
do vírus.
Desde a sua fundação já distribuiu mais de 2 milhões de
preservativos masculinos e femininos criando climas saudáveis para a sexualidade
de ambos os sexos. O GGB e Mott decano do movimento homossexual
brasileiro com sua agonia pública estimulou o surgimento de outras
irmãs pelo Brasil, porque não se vence uma guerra só e precisamos de
aliados.
Os Grupo Dignidade no Paraná, Grupo Gay de Alagoas, Grupo de
Resistência Asa Branca no Ceará, Associação Goiânia de Gays de Gays e Lésbicas,
Arco Ires no Rio de Janeiro, Associação de Travestis de Sergipe (ASTRA), Unidas,
Grupo Habeas Corpus Potiguar, Grupo Gay de Camaçari, Grupo Gay de Lauro de
Fretas e tantos outros atuantes no Brasil. O GGB é filiado a Associação
Brasileira de Gays e membro fundador da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas
e Travestis (ABGLT). Desde 2001 realiza a Parada Gay da Bahia já na sua 11ª
edição. Por esses e outros motivos que o GGB é “Orgulho da Bahia”.
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