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Pela Redação
Processo democrático real e processo da
Plenária Final da II Conferência Nacional LGBT, duas coisas bem
diferentes…
Todos testemunharam o ânimo
reivindicatório que abriu a II Conferência Nacional LGBT com gritos uníssonos
como:
“Oh Dilma que papelão não se governa com
religião.”
“Oh Dilma pisô na bola, a homofobia
continua na escola.”
“Oh MEC sai do armário, educação é
prioritário.”
Parecia que finalmente o movimento LGBT
iria dar seu recado ao Governo Federal de que seria necessária uma postura mais
explicita a nosso favor, parecia que tínhamos finalmente aprendido que movimento
social serve para reivindicar e não para contemporizar… Mas algo deu
errado…
No dia da plenária final que votaria as
diretrizes, propostas e moções, coincidentemente quase todas as delegações dos
Estados tinham seus voos marcados para antes das 19h, o que fez com que 2/3 das
diretrizes e propostas e a totalidade das moções fossem votadas por um número
inferior a 100 delegados, sendo que o total de inscritos era de
530.
Mais coincidentemente ainda esses
delegados que restaram tinham uma propensão bem governista, e votaram rejeitando
moções como as que transcreverei a seguir:
1-“Nós delegadas e delegados reunidos na
II Conferência Nacional LGBT recomendamos veementemente que a Presidenta da
República Dilma Rousseff venha a público em rede nacional de televisão se
retratar por dizer que o conteúdo do “kit”escola sem homofobia era “inaceitável”
mesmo depois dele ser aprovado pela UNESCO e por usar publicamente a expressão
“propaganda de opções sexuais (sic)”, sendo que o movimento social LGBT defende
incansavelmente as palavras orientação sexual e a publicidade
governamental ao usar casais heterossexuais em praticamente todos seus materiais
faz, sim, constantemente propaganda da heteronormatividade.”
2-“Nós delegadas e delegados reunidas/os
na II Conferência Nacional de Politicas Públicas e Direitos Humanos de LGBT
repudiamos os poderes legislativo e executivo federais por não respeitarem a
laicidade do estado brasileiro consagrada no artigo 19 inciso l da Constituição
Federal, como no caso da suspensão do “kit”anti-homofobia pelo Poder Executivo e
pelo boicote sistemático a qualquer propositura legislativa para reconhecimento
de direitos para a população LGBT, efetivada pela pequena, porém ruidosa,
bancada fundamentalista religiosa e pela anuência silenciosa da maioria dos
outros parlamentares.”
Ficam algumas perguntas
então:
O que mudou de quinta para
domingo?
Será que se a presença de todos os
delegados e delegadas tivesse sido garantida na plenária final o resultado seria
esse?
A quem interessou esse
esvaziamento?
Perguntas que infelizmente ficarão para a
próxima conferência, que esperamos reflita mais os anseios da população LGBT e
não os do governo.
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