sexta-feira, janeiro 06, 2012

2012 começa com gays sendo o estranho fruto


05/01/2012

Estranho fruto, era assim que parecia para a escrita do judeu Abel Meeropol (que usou o pseudônimo de Lewis Allan) e para a voz da negra Billie Holiday, os linchamentos de negros no sul dos Estados Unidos na década de 1930. Um fruto de sangue, que arde ao fogo. “Here is a strange and bitter crop” [“Temos aqui uma estranha e amarga colheita”].
A música, um dos maiores sucessos de Lady Day, é uma resposta mais que além à altura contra os racistas e seus atos de violência. Uma nota musical profunda contra o soco no estômago. E eles nunca desistiram. Foi uma longa sinfonia até os negros conseguirem seus direitos civis nos Estados Unidos.
Em 2012, no Brasil, os homossexuais são hoje o estranho fruto. Na virada do ano, um casal de lésbicas sofreram violência física depois que recusaram paquera do agressor. Já no dia 02 de janeiro, um idoso homossexual foi assassinado por jovens depois de relação sexual.
Diante tanta barbárie só nos primeiros dias desse ano, ainda com sob a decoração natalina, casais gays andam de mão dadas pela Paulista, numa espécie de resistência amorosa contra tanta violência. Assim como os negros, a ideia de resistência é feita de maneira mais natural possível. E a possibilidade de existência e respeito a esse estranho fruto se impõe, se imporá.
Escrito por Vitor Angelo às 23h05

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