Ofício PR 321/2011
(TR/dh)
Curitiba, 10 de dezembro de 2011
À: Excelentíssima Senhora Dilma
Rousseff
Presidenta da República
Federativa do Brasil
Assunto: Convite para a abertura da 2ª Conferência
Nacional LGBT
Excelentíssima Senhora Presidenta Dilma Rousseff,
A
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
(ABGLT), organização parceira do Governo Federal no combate à homofobia,
gostaria de acrescentar seu convite pessoal para vossa participação na
Solenidade de Abertura da 2ª Conferência Nacional
LGBT.
Data: 15 de dezembro de
2011, às 19 horas
Local: Sede da Confederação Nacional dos
Trabalhadores no Comércio, AV W5 - SGAS, 902, Bloco
C
A
programação da Conferência está disponível em http://portal.mj.gov.br/sedh/2cnlgbt/pages/programacao.html
Já
está confirmado o proferimento da Palestra Magna pelo ministro do Superior
Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto.
Em
2008, a abertura da 1ª Conferência Nacional LGBT foi prestigiada pelo presidente
Lula, oito ministros(as) e o Advogado-Geral da União. Esperamos
que os/as participantes da 2ª Conferência possam ter a mesma honra e grata
satisfação de contar com a significativa representação do Governo
Federal.
Em
anexo está o texto-base da 2ª Conferência, que é prestação de contas do que foi
feito em relação às 166 ações do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e
Direitos Humanos de LGBT, fruto das deliberações da 1ª
Conferência.
Abaixo seguem as percepções e considerações da ABGLT
quanto aos avanços obtidos desde a 1ª Conferência, os desafios que enfrentamos e
o que queremos a partir da 2ª Conferência Nacional
LGBT.
Na
expectativa de contar com vossa presença, agradecemos pela atenção e
despedimo-nos
Respeitosamente
Toni Reis
Presidente da ABGLT
OS TRÊS DECÁLOGOS DA
ABGLT
sobre as políticas públicas
para LGBT no Brasil: avanços, desafios e demandas prioritárias
DEZ
AVANÇOS (entre a 1ª Conferência Nacional
LGBT em 2008 e a 2ª Conferência Nacional LGBT em 2011)
1.Reconhecimento das uniões estáveis
homoafetivas pelo Supremo Tribunal Federal e do casamento civil de um casal de
lésbicas pelo Superior Tribunal de Justiça; autorizações de conversões de uniões
estáveis em casamento.
2. Estabelecimento do tripé da cidadania
LGBT nacional: a criação da Coordenação-Geral LGBT na Secretaria de Direitos
Humanos; o lançamento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos
Humanos de LGBT; a instalação do Conselho Nacional
LGBT.
3. Reconhecimento do Governo Federal das
uniões homossexuais (Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Defesa),
inclusive para fins de imposto de renda.
4. Decreto que instituiu o 17 de maio como
Dia Nacional de Combate à Homofobia.
5. Criação dos tripés da cidadania LGBT nos
estados de Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Piauí, Bahia, Paraíba, Pará e São
Paulo.
6. Reconhecimento do nome social das pessoas
trans pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo Ministério da
Educação, além de 19 Estados (AL, DF, ES, GO, MA, MT, PA, PA, PB, PE, PI, RJ,
RN, RR, RS, SC, SE, SP, TO).
7. Aprovação pela Organização das Nações
Unidas da resolução que determina a realização de ações concretas relativas à
violação dos direitos humanos por motivo de orientação sexual e identidade de
gênero.
8. Atuação do Grupo de Trabalho Saúde da
População LGBT; aprovação do Plano Operativo da Política Nacional de Saúde
Integral de LGBT, que inclui o processo transexualizador; o apoio do Ministério
da Saúde a ações educativas e preventivas nas Paradas
LGBT.
9. Ampliação das parcerias com o Conselho
Federal de Psicologia, com o Conselho Federal de Serviço Social e com a Ordem
dos Advogados do Brasil (Estatuto da Diversidade Sexual e Propostas de Emenda à
Constituição).
10. Lançamento do módulo LGBT do Disque 100,
proporcionando dados oficiais demonstrando que 12% das denúncias dizem respeito
à discriminação de pessoas LGBT, bem como a assinatura do Pacto Federativo
contra a Homofobia por 12 secretarias estaduais de segurança pública, com mais 9
em processo de assinatura; liberação do material educativo sobre homofobia nas
escolas para o curso Gênero e Diversidade na Escola em 36
universidades.
DEZ DESAFIOS
1. Ausência de
marco legal. O Congresso Nacional não aprovou nenhuma lei referente à cidadania
LGBT, a não ser indiretamente na lei Maria da Penha e no Estatuto da
Juventude.
2. Crescimento
do fundamentalismo religioso que avança sobre a laicidade do Estado,
pressionando governos e partidos, incidindo adversamente na elaboração
legislativa e nas políticas públicas.
3. Câmaras
Municipais e Assembléias Legislativas têm aprovado legislações homofóbicas, como
o “Dia do Orgulho Heterossexual” e a proibição de falar sobre homossexualidade
nas escolas.
4. Tudo indica
que aumentam as violações homofóbicas, agressões e assassinatos, sem que haja
uma política nacional articulada para deter esse
recrudescimento.
5. Falta de
institucionalização das políticas LGBT (o atual Plano Nacional LGBT não é
formalizado, não foi instituído por decreto, não tem indicadores ou meios de
verificação, e nem comitê técnico que acompanha sua execução
cotidiana).
6. Falta de
orçamento para políticas LGBT. O projeto do Plano Plurianual enviado pelo
governo federal para o Congresso não prevê o programa específico “Promoção da
Cidadania LGBT”. O projeto de Lei Orçamentária Anual para 2011 enviado ao
Congresso Nacional pelo governo federal prevê recursos
insignificantes para políticas LGBT (na Secretaria de Direitos Humanos
são apenas R$1.1 milhão); pouquíssimos recursos para ONGs na área de direitos
humanos das pessoas LGBT.
7. A maioria
dos Estados não instituiu o “tripé da cidadania” (Coordenadoria, Conselho LGBT e
Plano de Combate à Homofobia). Os que o fizeram, majoritariamente, não
destinaram recursos orçamentários adequados às
políticas.
8. A imensa
maioria das prefeituras ignora o tema das políticas públicas LGBT, não
instituindo nenhuma ação de combate à
homofobia.
9. Muitos
juízes de primeira e segunda instância ainda se negam a julgar favoravelmente as
causas LGBT, principalmente o casamento civil entre pessoas do mesmo
sexo.
10. Meios de
comunicação, principalmente televisões abertas, propagam homofobia por meio de
programas religiosos, programas de humor ou popularescos.
DEZ
PRIORIDADES da ABGLT : o que
queremos
1. Aprovação da
criminalização homofobia, Lei Alexandre Ivo; casamento; e mudança de nome para
as pessoas trans.
2. Novo Plano
Nacional LGBT, institucionalizado por meio de decreto presidencial, com recursos
orçamentários claramente definidos, com metas claras, meios de verificação,
comitê gestor interministerial e cronograma das ações priorizadas e
hierarquizadas; Editais públicos para ONGs para o trabalho com a comunidade
LGBT.
3. Criação da
Secretaria Nacional LGBT, responsável por articular, monitorar e visibilizar a
execução do conjunto das políticas públicas e do Plano Nacional de Promoção da
Cidadania e Direitos Humanos de LGBT.
4.
Reconhecimento do nome social de pessoas trans em todo o Brasil, aprovação da
legislação que permita alteração do
prenome.
5. Educação:
políticas permanentes de combate à homofobia nas escolas, priorizando a formação
continuada dos professores, a elaboração e distribuição de material
didático-pedagógico e as pesquisas acadêmicas sobre gênero, sexualidade e
diversidade.
6. Segurança
pública: criação da metodologia nacional e unificada de registro de assassinatos
homofóbicos, crimes de ódio e violência homofóbica no geral; capacitação dos
operadores de segurança pública em direitos humanos LGBT, com a participação do
movimento social organizado, políticas e estruturas específicas para a prevenção
e repressão de crimes contra LGBT.
7. Cultura:
apoio às manifestações culturais da população LGBT, de promoção da diversidade,
editais de apoio à Paradas do Orgulho LGBT, livros, CDs, seminários, filmes,
eventos etc.
8. Saúde:
execução integral, em todo o Brasil, por todos os governos, da Política Nacional
de Saúde de LGBT, fortalecimento do Grupo de Trabalho Saúde da População
LGBT.
9. Campanhas
nacionais, estaduais e locais de combate à homofobia, promoção da cidadania LGBT
e respeito à diversidade sexual, principalmente nas mídias eletrônicas (rádio e
TV), mas também na internet, redes sociais, jornais impressos etc.
10. Trabalho,
Assistência Social e Previdência: políticas de geração de emprego, qualificação
profissional e intermediação de mão-de-obra e inclusão previdenciária voltadas
às pessoas LGBT, sobretudo travestis e transexuais. Ampliação da inserção da
temática LGBT nas políticas de assistência social, no Brasil sem Miséria, nos
Centros de Referência e Centros de Referência Especializados de Assistência
Social (CRAS/CREAS).
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