sexta-feira, maio 13, 2011

Panfleto de Bolsonaro expõe fotos e ataca líderes gays

Segunda, 9 de maio de 2011, 16h17 Atualizada às 16h28

Ana Cláudia Barros
Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a união homoafetiva estável como unidade familiar, conservadores resolveram reagir. Panfletos com ataques a representantes de movimentos de defesa dos homossexuais estão sendo espalhados pela cidade de Resende, interior do Rio de Janeiro. O material é assinado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que recentemente esteve envolvido em uma polêmica ao fazer declarações homofóbicas e racistas no humorístico CQC, da Bandeirantes. O material também está disponível no website do deputado (http://www.bolsonaro.com.br/jair/).
Em uma das partes do panfleto, "Defensores do fundamentalismo homossexual em ação", aparecem fotos e frases do presidente do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, do presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis e de Beto de Jesus, integrante da executiva da entidade. O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (MEC), André Lázaro também é mencionado em razão de um comentário dele sobre um dos vídeos que fazem parte do kit de combate à homofobia - apelidado pelos críticos de "kit gay" -, que será distribuído em escolas públicas.
O panfleto está sendo distribuído no Rio de Janeiro e em Brasília, conforme apurou Terra Magazine. Alguns dos itens do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT também são citados no material, que faz a seguinte apresentação:
- Ilustríssimos senhores e senhoras chefes de famílias. Apresento alguns dos 180 intens deste que chamo de Plano Nacional da Vergonha, onde meninos e meninas, alunos de 1 grau, serão emboscados por grupos de homossexuais fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes, a mensagem de que ser gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira. Tirem suas conclusões sobre as absurdas propostas do Governo, algumas já em execução conforme publicações em Diário Oficial da União.

 
Líderes gays são expostos em panfleto assinado por Bolsonaro contra homossexuais
Na mesma página, em destaque, mais um "alerta": "Querem transformar, na escola, seu filho de 6 a 8 anos em homossexual" - afirma em mais uma alusão ao kit de combate à homofobia que, segundo o MEC, será voltado exclusivamente para adolescentes.
No final do material, ao lado de uma foto do deputado Bolsonaro fardado, mais um recado:
- Com o falso discurso de combater a homofobia, o MEC em parceria com grupos LGBTs, na verdade, incentivam o homossexualismo (sic) nas escolas públicas de 1 Grau, bem como, tornam nossos filhos presas fáceis para pedófilos.
Logo depois da divulgação de que o Supremo se posicionou a favor da equiparação de relações estáveis homoafetivas a uniões estáveis heterossexuais, o parlamentar ironizou a decisão, dizedo que o próximo passo seria a legalização da pedofilia. O deputado também argumentou que a Corte Suprema extraplou sua função ao julgar tema já previsto na Constituição.

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