NOTA OFICIAL DA
REDELGBT-GO
REDE DE ORGANIZAÇÕES LGBT DO INTERIOR
DO ESTADO DE GOIÁS
Estado de Goiás, 08 de setembro de
2012.
A Rede de Organizações LGBT do
Interior do Estado de Goiás (REDELGBT-GO), uma organização não-governamental
(ONG) fundada em 22 de novembro de 2011, na cidade de Anápolis (GO), contando
atualmente com o apoio fundamental da maior rede/organização LGBT da América
Latina, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (ABGLT), hoje, com 257 organizações-membro, e sendo inicialmente
constituída pelas seguintes organizações não-governamentais do interior
goiano: ACDHRio – Associação por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Rio
Verde/GO e Região; AGTLA – Associação de Gays, Transgêneros e Lésbicas de
Anápolis; MCDHCAT – Movimento por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de
Catalão/GO e Região; AJDH-N ova Mente: Associação Jataiense de Direitos
Humanos/Nova Mente (Jataí/GO) e tendo a transexual Sarah Wrbietta como ponto
focal na cidade de Itumbiara/GO, VEM
A PÚBLICO MANIFESTAR-SE OFICIALMENTE EM REPÚDIO AO QUARTUPLO ASSASSINATO DE
TRAVESTIS OCORRIDO EM UMA ÚNICA NOITE EM CIDADES DA REGIÃO METROPOLITANA DE
GOIÂNIA (APARECIDA DE GOIÃNIA E HIDROLÂNDIA).
Vale ressaltar que, embasada pelo
princípio da unidade de forças, a nossa Rede de Organizações LGBT do Interior do
Estado de Goiás (REDELGBT-GO) nasceu já estando presente em 110
municípios goianos. No momento, a REDELGBT-GO já abrange 44,71% dos
municípios do Estado de Goiás. E, para breve, pretendemos fazer com que
a REDELGBT-GO abranja 100% dos 245 municípios goianos (exclui-se,
aqui, Goiânia, por não ser cidade do interior).
Entre outras questões e metas de
trabalho/ações, a REDELGBT-GO também prioriza atuar fortemente na área da
segurança pública, em especial no combate à homofobia, preconceito social que
tem violentado os direitos humanos de milhares de pessoas em todo o
Brasil.
Vale ressaltar que, segundo dados
divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), sob a coordenação do antropólogo e
decano do Movimento Homossexual Brasileiro, Luiz Mott, somente em 2011, foram
registrados em território nacional 266 homicídios contra cidadãos e cidadãs LGBT
(lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), todos os crimes cometidos
com uma violência brutal e covarde. Este ano, segundo o GGB, somente no primeiro
semestre, 148 LGBT foram assassinados em território brasileiro.
Goiás, infelizmente é um dos Estados
mais homofóbicos do Brasil. E nossa rede vai lutar, com veemência e bravura,
para combater e mudar esta lamentável realidade. E nesse sentido, o apoio e a
parceria com o governo estadual e prefeituras serão imprescindíveis,
fundamentais.
Segundo a mais recente estatística
nacional divulgada pelo GGB, no ranking estadual brasileiro dos homicídios
contra LGBT, o Estado de Goiás terminou 2011 na oitava posição, com 12
assassinatos registrados, sendo o líder na Região Centro-Oeste do
Brasil. Somente nesses três primeiros meses de 2012 já foram documentados
104 homicídios contra homossexuais no Brasil, quase o dobro registrado no mesmo
período no ano passado, representando uma morte de pessoa LGBT a cada
21horas.
OS FATOS – Na
madrugada da sexta-feira, 7/09, três travestis foram brutalmente assassinadas
em Aparecida de Goiânia; e uma quarta travesti, foi morta em Hidrolândia, ambos
municípios da região metropolitana de Goiânia, em Goiás.
Três desses homicídios aconteceram no
Bairro Nossa Senhora de Lourdes, conhecido pelo grande número de motéis, em
Aparecida de Goiânia. Segundo a polícia, testemunhas disseram que as vítimas se
prostituíam na região quando homens armados chegaram, mandaram-nas deitar no
chão, atiraram e fugiram.
O quarto crime aconteceu na cidade de
Hidrolândia. A vítima, de 20 anos, foi esfaqueada em um posto de combustível, às
margens da rodovia onde supostamente se prostituía. O jovem chegou a ser levado
para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), em Goiânia, mas não resistiu aos
ferimentos. Dois andarilhos, suspeitos do crime, foram presos e levados para o
4º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia.Monike, Millena, Gabriela e Márcia
são os nomes das vítimas.
CONSIDERAÇÕES DA
REDELGBT-GO
Não é de hoje que travestis
e transexuais são cada vez mais execradas, humilhadas, agredidas, violentadas e
marginalizadas pelas sociedades goianas e brasileira.
Considerando que todas as
mazelas, todos os problemas sociais, começam pela ausência de uma boa e adequada
educação/formação social basilar (inclui-se aqui famílias física, financeira e
psicologicamente estruturadas); e que a situação tornou-se muito pior após a
censura/veto do Kit Anti-Homofobia pela homofóbica presidenta da República,
Dilma Vana Rousseff, que com seu gesto inconsequente e incentivado pela poderosa
força política religiosa – que, lamentavelmente, parece mandar no Governo
Federal, atropelando e violentando os princípios constitucionais do Estado Laico
Brasileiro – acabou por fortalecer e incentivar, de forma indireta, a enorme
evasão escolar de alunos/as LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais), contribuindo, assim, para que estas pessoas que, em sua maioria,
são expulsas de casa pela família, vão procurar a sobrevivência – de qualquer
forma e, a qualquer preço – nas ruas, nas bocas-do-lixo, enfim, nos mais
terríveis e degradantes submundos da sociedade brasileira.
Não somente aqui no Estado
de Goiás, mas em todas as unidades federativas do Brasil faltam uma educação
correta e eficiente que combata verdadeiramente os preconceitos por orientação
sexual e por identidades de gênero. Faltam políticas públicas fortes,
inteligentes e verdadeiramente eficientes que priorizem a cidadania e a
dignidade de homossexuais masculinos e femininos, principalmente pessoas trans
(travestis e transexuais), tirando-as das ruas e da prostituição pela
sobrevivência, e reinserindo estas pessoas LGBT no seio das sociedades goiana e
brasileira.
É preciso considerar que
cada vez mais homossexuais – principalmente travestis e transexuais – que são
abandonados pela família, são excluídos/as da sociedade, tornar-se-ão presas
fáceis de aliciadores/aproveitadores/escravizadores que, não perderão tempo em
vender ou traficar ilusões a quem já não tem mais autoestima nem esperança de
uma vida digna e decente em decorrência dos fortes traumas, das grandes e
dolorosas feridas causadas por suas famílias e pelas autoridades políticas
brasileiras municipais, estaduais e federais.
Enquanto os poderes
políticos constituídos do Brasil, desde municípios até o poder-mor, o Governo
Federal, continuarem reféns de fundamentalistas religiosos e, a mando deles,
continuarem amordaçando e violentando o Estado Laico Brasileiro, e assim,
fingindo priorizar a garantia de todos os direitos humanos no Brasil, estas
mazelas sociais que, cada vez mais vitimam as minorias, em nosso caso, cidadãos
e cidadãs LGBT brasileiras e goianas, cada vez mais humilhações, mais exclusões,
mais violência e mais mortes vão continuar acontecendo. Isto é uma vergonha, uma
afronta ao ser humano que jamais podemos aceitar ou compactuar.
Este é o posicionamento oficial
da Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás
(REDELGBT-GO) que, cobra providências emergenciais das autoridades
competentes, para resolver definitivamente toda a problemática que macula a
imagem e atormenta a população LGBT do Estado de Goiás e de todo o
Brasil.
A REDELGBT-GO ratifica que
cidadãos e cidadãs, brasileiros e brasileiras lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais são – acima de quaisquer conceitos e preconceitos –
seres humanos e, assim sendo, merecem respeito e valorização humana
incondicionais, merecem toda e qualquer espécie de proteção do Estado Brasileiro
e de suas unidades federativas.
Enquanto isso não acontece, na prática
do dia-a-dia desta Nação, falar em “direitos humanos” no Brasil, por enquanto é
o mais absurdo dos engodos, a mais intragável de todas as mentiras.
Este é o posicionamento oficial
da Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás
(REDELGBT-GO).
Bel. TERRY MARCOS DE OLIVEIRA
BARROS DOURADO
Presidente da
REDELGBT-GO
Rede de Organizações LGBT do Interior do
Estado de Goiás
AGTLA (Associação de Gays,
Transgêneros e Lésbicas de Anápolis/GO e Região)
AJDH-Nova Mente (Associação
Jataiense de Direitos Humanos - Nova Mente)
MCDH-CAT (Movimento por Cidadania
e Direitos Humanos LGBT de Catalão/GO e Região)
Movimento LGBT de
Itumbiara/GO
Nenhum comentário:
Postar um comentário