Foram poucos segundos, um istmo, mas o suficiente para causar comoção nas redes sociais do Brasil. Um beijo na boca entre duas mulheres,
projetado no meio de outras clássicas cenas de amor, durante a
cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, nesta sexta-feira ,
27, mostrou o que muita gente quer continuar proibindo os outros de
verem: a homossexualidade existe como manifestação de amor.
Percebe-se que a tal polêmica sobre o beijo gay na TV brasileira não
tem nada de inócua. Mesmo estando, talvez, muito no terreno das
ideologias do que no campo estético, é um claro sinal da mudança das
mentalidades.
Mas voltando ao beijo olímpico, o que nos interessa que os ingleses
com sua anarquia e ironia, acabaram promovendo uma imagem positiva dos
gays que acabou sendo transmitida para muitos países que ainda
consideram a homossexualidade um crime ou ainda para o nosso querido
Brasil, com um alto índice de agressões homofóbicas e um total descaso
com esta situação.
No caso “brasilis”, o mais interessante é que foi a Record, a
emissora dos bispos como é conhecida, ligada a um segmento de religiosos
intolerantes em relação à homossexualidade que teve que transmitir ao
vivo a anarquia inglesa.
Aliás, foi uma abertura sincronizada com a ideia de civilização, que
os britânicos tanto prezam. O casal de um dos blocos mais pop da
cerimônia olímpica era negro – aliás no mesmo que surgiu o beijo gay -,
cadeirantes dançavam no meio dos dançarinos e até as junkies
protagonistas do seriado Absolutely Fabulous, as atrizes Jennifer
Saunders e Joanna Lumley apareceram. Elas protagonizaram mais um exemplo
do chamado humor inglês ao acender um cigarro com a tocha olímpica.
Enfim, foi o exemplo que uma sociedade realmente democrática é
inclusiva, a civilização é sinal de respeito às diversidades de sua
população.
Dilma Rousseff na plateia do Estádio Olímpico de Stanford deve ter
visto tudo isto. Ela, que tem vetado sistematicamente políticas de
afirmação para os gays, colocado questões importantes para o debate das
mulheres como o aborto de lado ou pouco feito para os movimentos
sociais, veja o caso de sua omissão criminosa em Pinheirinho, deve
entender que um país desenvolvido não é só eliminar a miséria econômica,
mas principalmente a educacional e espitirual.
A presidente declarou que fará uma abertura melhor que a de Londres,
então é bom ela correr, não só para as obras de infraestruturas e
construções, isto é de menos. Os ingleses fizeram uma festa incrível e
mostraram o que é civilização, humanismo e tolerância em sua abertura e
isto não se paga com os PACs da vida ou com uma macumba para turistas
com escola de samba e um punhado de mulatas.
É bom Dilma, que para uma abertura ser melhor que a de Londres, isto
é, mais humana, é preciso que se faça um avanço real aos direitos das
minorias e para uma verdadeira ideia de civilização afirmativa diversa
que ainda estamos longe de sermos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário