O Grupo Gay da Bahia (GGB),divulga mais um
Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais de 2011. Foram documentados 266
assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado, 6 a mais
que em 2010, um aumento 118% nos últimos seis anos (122 em 2007). Os gays
lideram os “homocídios”: 162 (60%), seguidos de 98 travestis (37%) e 7 lésbicas
(3%). O Brasil confirma sua posição em primeiro lugar no ranking mundial de
assassinatos homofóbicos, concentrando 44% do total de execuções de todo mundo.
Nos Estados Unidos, com 100 milhões a mais de habitantes que nosso país, foram
registrados 9 assassinatos de travestis em 2011, enquanto no Brasil, foram
executados 98 “trans”. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é
800% maior que nos Estados Unidos. Neste ano o GGB outorgou o troféu Pau de Sebo
à Presidenta Dilma na condição de principal inimiga dos homossexuais do Brasil,
pela proibição do kit antihomofobia e do filme de prevenção da Aids para gays no
carnaval e pelo fracasso de suas políticas públicas de erradicação dos crimes
homofóbicos. país.
O Grupo Gay da Bahia, que há mais três décadas coleta
informações sobre homofobia no Brasil denuncia a irresponsabilidade dos governos
federal e estadual em garantir a segurança da comunidade LGBT: a cada 33 horas
um homossexual brasileiro foi barbaramente assassinado em 2011, vítima da
homofobia. Nunca antes na história desse país foram assassinados e cometidos
tantos crimes homofóbicos.
A Bahia pelo sexto ano consecutivo lidera
essa lista macabra: 28 homicídios, seguida de Pernambuco (25), São Paulo (24),
Paraíba, Alagoas e Minas Gerais com 21 casos cada e Rio de Janeiro, 20. Roraima
e Acre não registraram nenhum “homocídio”, e Distrito Federal e Amapá apenas 1.
Proporcionalmente ao número total de habitantes, os estados mais homofóbicos são
Alagoas e Paraíba, cuja população conjunta representa 3,6% dos brasileiros e não
obstante concentraram 16% destes crimes. O total de mortes registradas nestes
dois estados nordestinos (42), é 60% superior a todos os estados da região Norte
(27). Rondônia e Tocantins igualmente estão entre os estados mais perigosos:
representando apenas 2% da população nacional, aí foram assassinados 5% de lgbt
em 2011. O Presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira lamenta: “Logo a
Bahia, terra da felicidade e alegria, com sua parada de quase um milhão de
participantes, lidera mais este ano o ranking da homofobia! Triste Bahia que
mesmo tendo duas transexuais ocupando cargos públicos – a vereadora Leocrete e
Coordenadora LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, Paulette Furacão, não
consegue erradicar crimes tão hediondos!”
O Nordeste confirma mais esse
ano ser a região mais homofóbica do país: abrigando 30% da população brasileira,
registrou 46% dos LGBT assassinados. 34% dos “homocídios” ocorreram no
Sudeste/Sul, embora abrigando mais da metade de nossa população (54%).
Norte/Centro-Oeste, com 16% de nosso contingente demográfico, concentraram 19%
dos assassinatos.
Segundo o responsável por este Relatório, o Prof. Luiz
Mott, antropólogo da Universidade Federal da Bahia e fundador do GGB, “a
subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam
apenas a ponta de um iceberg de crueldade e sangue. Como o Governo Federal se
recusa construir um banco de dados sobre crimes de ódio contra homossexuais,
baseamos tal relatório em notícias de jornal e internet, que com certeza está
longe de cobrir a totalidade desses sinistros”.
Quanto a idade, 4% das
vítimas tinham menos de 18 anos ao serem assassinados, sendo o mais jovem um
estudante gay paulista de 14 anos. 46% dos lgbt mortos tinham menos de 30 anos e
11% mais de 50. A faixa etária que apresenta maior risco de assassinato, 55%,
situa-se entre 20-40 anos. A vítima mais velha tinha 73 anos, um idoso de
Salvador cuja família não permitiu a divulgação de seu nome nos jornais.
Os homossexuais assassinados exerciam 48 diferentes profissões,
confirmando a presença do “amor que não ousava dizer o nome” em todas ocupações
e estratos sociais. Predominam as travestis profissionais do sexo, 72 das
vítimas (45%), seguidas de 11 estudantes, 8 cabeleireiros, 7 funcionários
públicos, 5 policiais, 3 padres e dois pais de santo.
Quanto à causa
mortis, repete-se a mesma tendência dos anos anteriores, confirmando pela
violência extremada, tratar-se efetivamente de crimes de ódio: 70 dos
assassinatos foram praticados com arma de fogo, 67 com arma branca (faca, foice,
machado, tesoura), 56 espancamentos (paulada, pedrada, marretada), 8
enforcamentos. Constam ainda afogamentos, atropelamentos, carbonização,
degolamentos, empalamentos e violência sexual , asfixiamentos, tortura. Nove das
vítimas levaram mais de 10 facadas e três mais de 10 tiros. A travesti Idete, 24
anos, de Campina Grande, Pb, teve sua execução filmada e divulgada na internet,
levando 32 facadas; o cantor gay Omar Faria, de Paraitins, (AM) 65 anos, foi
morto com 27 facadas dentro de sua casa. Crimes de ódio!
Seriam todos
esses 266 assassinatos crimes homofóbicos? O Prof.Luiz Mott é categórico: “99%
destes homocídios contra gays têm como motivo seja a homofobia individual,
quando o assassino tem mal resolvida sua própria sexualidade; seja a homofobia
cultural, que expulsa as travestis para as margens da sociedade onde a violência
é mais endêmica; seja a homofobia institucional, quando o Governo não garante a
segurança dos espaços freqüentados pela comunidade lgbt.” E acrescenta: “quando
o Movimento Negro ou Feminista divulga suas estatísticas, não se questiona se o
motivo das mortes foi racismo ou machismo, porque exigir só do movimento LGBT
atestado de ódio nestes crimes hediondos? Ser travesti já é um agravante de
periculosidade dentro da ótica machista!”
O Grupo Gay da Bahia (GGB)
disponibiliza em seu site WWW.GGB.ORG.BR as tabelas em que se baseia este
relatório anual assim como o manual “Gay vivo não dorme com o inimigo” como
estratégia para erradicar esse “homocausto”.
Para o Presidente do GGB,
Marcelo Cerqueira, “há três soluções contra os crimes homofóbicos: ensinar à
população a respeitar os direitos humanos dos homossexuais através de leis
afirmativas da cidadania LGBT; exigir que a Polícia e Justiça punam com toda
severidade a homofobia e sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem
situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com
marginais. A certeza da impunidade e o estereótipo do gay como fraco, indefeso,
estimulam a ação dos assassinos.”
Neste ano o GGB outorgou o troféu Pau
de Sebo à Presidenta Dilma por suas declarações equivocadas sobre
homossexualidade e pelo veto ao kit antihomofobia e cancelamento da exibição do
filme de prevenção da Aids pra homossexuais no Carnaval. Somente nesses três
primeiros meses de 2012 já foram documentados 104 homicídios contra
homossexuais, quase o dobro do ano passado, uma morte a cada 21hs!
Para
mais informações e entrevistas: luizmott@oi.com.br
(71) 3328.3782 –
9989.4748 – 9128.9993
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