Ao assumir
a Pesca, Crivella faz discurso religioso e plateia responde ‘Glória a
Deus’
l
BRASÍLIA.
Uma posse com jeito de culto.
Por alguns momentos o senador
Marcelo
Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja
Universal
do Reino de Deus, agiu como se
estivesse
pregando num templo, durante a
solenidade
em que assumiu o cargo de ministro
da
Pesca e Aquicultura, no Palácio do
Planalto.
Houve várias menções a Deus,
inclusive
para justificar o fato de não ter muita
experiência
em assuntos relacionado à pesca.
Na plateia, foram ouvidas respostas
de
“Glória a Deus”. Crivella também citou
pensamentos
do bispo fundador da Igreja
Universal,
seu tio Edir Macedo.
Crivella encerrou o discurso com
uma
oração em que pede a Deus que dê
sabedoria
e discernimento aos
colaboradores
e funcionários da pasta que
comandará,
para que não ocorram deslizes
éticos.
Poucos deputados e senadores da
bancada
evangélica, no entanto,
compareceram
à posse. O grupo não se sente
representado
por Crivella.
Na frente da presidente Dilma
Rousseff,
Crivella admitiu seu
desconhecimento
da área e pediu a Deus que lhe
oriente na gestão da pasta.
— Muitas vezes Deus não escolhe
os
mais qualificados, mas, sempre, Deus
qualifica
os escolhidos (...) Peço a Deus que
a
vontade do espírito produza a nova
missão,
que possa ocorrer entre nós o
milagre
da benção maravilhosa que Jesus
realizou
(...). Que Deus nos ajude, que nas
nossas
represas, nas águas do nosso mar os
peixes
se multipliquem e cheguem às
mesas
de todos os brasileiros, sobretudo os
mais
pobres — rezou Crivella,
finalizando:
— Peço também que o Senhor nos
conceda
a todos nós, colaboradores e
funcionários
do Ministério da Pesca e da
Aquicultura,
boa vontade, idealismo,
sabedoria
e discernimento para que
continue
não ocorrendo em nosso ministério
qualquer
deslize desses que desunem o
povo
e faz o cidadão de bem sentir
vergonha
de ser brasileiro. Por isso,
humildemente
peço, me ajude, meu Deus!
Crivella afirmou que vai se dedicar
para
levar a pesca brasileira a um patamar
de
respeito mundial, como acontece
com
agricultura brasileira. Ele citou
estudo
feito pela Secretaria de Assuntos
Estratégicos
estabelecendo, entre outras
metas,
a de dobrar o consumo per capita de
peixe
no Brasil e gerar um milhão a mais
de
empregos no setor. Ele disse que, para
isso,
é preciso mais recursos, pesquisa,
sugerindo
a criação de uma “Embrapa da
Pesca”, além de mais engenheiros de
pesca.
Segundo ele, no Brasil existem 800
mil
engenheiros, mas apenas 147
engenheiros
de pesca.
O senador disse que Dilma pediu-lhe
que
cuide dos pescadores artesanais que
estão
na informalidade e são mais de um
milhão.
— Esse é o espírito do nosso
governo,
pensar nos outros — Crivella.
Dilma deu o ministério a Crivella
para
conter as críticas de evangélicos a
seu
governo e também para tentar ajudar
o
candidato do PT a prefeito de São
Paulo,
Fernando Haddad, alvo dos
religiosos
por causa do que chamam de “kit
gay”.
Além das menções a Deus e orações,
Crivella
também enalteceu e fez vários
elogios
à presidente, chamando-a de estadista
e
atuante. Crivella destacou a ajuda de
Dilma,
ainda como ministra, ao Rio de
Janeiro,
destacou sua inconformidade em
conviver
com a miséria no país e a luta para
erradicá-
la. Nesse momento, um dos
presentes
à solenidade, gritou: “Glória a Deus!”.
O
ministro também elogiou o
ex-vice-presidente
José Alencar, que era filiado ao
PRB.
A presidente Dilma fez menção a
Deus
uma única vez em seu discurso:
— Foi graças a essa ampla
coalizão
que sustenta o meu governo que
chegamos
ao poder para governar para
todos,
sem exceção. Essa ampla coalizão,
ela
deve, pode e, graças a Deus, nos
apoia
na promoção das mudanças que
vimos
promovendo no Brasil.
Após sua posse, o novo ministro
minimizou
o fato de poucos parlamentares
evangélicos
terem comparecido à solenidade:
— A Liliam Sá (PSD-RJ) estava
presente.
O ministro é do PRB, é
evangélico,
mas a indicação é do PRB.
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