domingo, março 04, 2012

Ao assumir a Pesca, Crivella faz discurso religioso e plateia responde ‘Glória a Deus’

Ao assumir a Pesca, Crivella faz discurso religioso e plateia responde ‘Glória a Deus’
l BRASÍLIA. Uma posse com jeito de culto.
Por alguns momentos o senador Marcelo
Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal
do Reino de Deus, agiu como se estivesse
pregando num templo, durante a solenidade
em que assumiu o cargo de ministro da
Pesca e Aquicultura, no Palácio do Planalto.
Houve várias menções a Deus, inclusive
para justificar o fato de não ter muita experiência
em assuntos relacionado à pesca.
Na plateia, foram ouvidas respostas de
“Glória a Deus”. Crivella também citou pensamentos
do bispo fundador da Igreja Universal,
seu tio Edir Macedo.
Crivella encerrou o discurso com uma
oração em que pede a Deus que dê sabedoria
e discernimento aos colaboradores
e funcionários da pasta que comandará,
para que não ocorram deslizes éticos.
Poucos deputados e senadores da bancada
evangélica, no entanto, compareceram
à posse. O grupo não se sente representado
por Crivella.
Na frente da presidente Dilma Rousseff,
Crivella admitiu seu desconhecimento
da área e pediu a Deus que lhe
oriente na gestão da pasta.
— Muitas vezes Deus não escolhe os
mais qualificados, mas, sempre, Deus qualifica
os escolhidos (...) Peço a Deus que a
vontade do espírito produza a nova missão,
que possa ocorrer entre nós o milagre
da benção maravilhosa que Jesus realizou
(...). Que Deus nos ajude, que nas nossas
represas, nas águas do nosso mar os peixes
se multipliquem e cheguem às mesas
de todos os brasileiros, sobretudo os mais
pobres — rezou Crivella, finalizando:
— Peço também que o Senhor nos conceda
a todos nós, colaboradores e funcionários
do Ministério da Pesca e da Aquicultura,
boa vontade, idealismo, sabedoria
e discernimento para que continue
não ocorrendo em nosso ministério qualquer
deslize desses que desunem o povo
e faz o cidadão de bem sentir vergonha
de ser brasileiro. Por isso, humildemente
peço, me ajude, meu Deus!
Crivella afirmou que vai se dedicar para
levar a pesca brasileira a um patamar de
respeito mundial, como acontece com
agricultura brasileira. Ele citou estudo
feito pela Secretaria de Assuntos Estratégicos
estabelecendo, entre outras metas,
a de dobrar o consumo per capita de peixe
no Brasil e gerar um milhão a mais de
empregos no setor. Ele disse que, para isso,
é preciso mais recursos, pesquisa, sugerindo
a criação de uma “Embrapa da
Pesca”, além de mais engenheiros de pesca.
Segundo ele, no Brasil existem 800 mil
engenheiros, mas apenas 147 engenheiros
de pesca.
O senador disse que Dilma pediu-lhe que
cuide dos pescadores artesanais que estão
na informalidade e são mais de um milhão.
— Esse é o espírito do nosso governo,
pensar nos outros — Crivella.
Dilma deu o ministério a Crivella para
conter as críticas de evangélicos a seu
governo e também para tentar ajudar o
candidato do PT a prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, alvo dos religiosos
por causa do que chamam de “kit gay”.
Além das menções a Deus e orações, Crivella
também enalteceu e fez vários elogios
à presidente, chamando-a de estadista e
atuante. Crivella destacou a ajuda de Dilma,
ainda como ministra, ao Rio de Janeiro,
destacou sua inconformidade em conviver
com a miséria no país e a luta para erradicá-
la. Nesse momento, um dos presentes
à solenidade, gritou: “Glória a Deus!”. O
ministro também elogiou o ex-vice-presidente
José Alencar, que era filiado ao PRB.
A presidente Dilma fez menção a Deus
uma única vez em seu discurso:
— Foi graças a essa ampla coalizão
que sustenta o meu governo que chegamos
ao poder para governar para todos,
sem exceção. Essa ampla coalizão, ela
deve, pode e, graças a Deus, nos apoia
na promoção das mudanças que vimos
promovendo no Brasil.
Após sua posse, o novo ministro minimizou
o fato de poucos parlamentares evangélicos
terem comparecido à solenidade:
— A Liliam Sá (PSD-RJ) estava presente.
O ministro é do PRB, é evangélico,
mas a indicação é do PRB.

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