Juracy
dos Anjos
Arestides Baptista /
Agência A TARDE
Luiz
Mott, fundador do GGB: "Quem pariu Mateus que o
balance!"
A partir do próximo
ano, o Grupo Gay da Bahia (GGB) deixará de fazer a contagem do número de
homossexuais assassinados no país. A única entidade do gênero a fazer este
tipo trabalho
argumenta, por meio de seu fundador, o antropólogo Luiz Mott, que o governo
federal deveria assumir o papel de atualização do banco de dados
oficialmente e não exerce a função de coibir os crimes contra os gays no
território nacional.
O anúncio foi feito
por Mott, fundador da organização mais antiga na luta pelos direitos dos LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e
transgêneros) noBrasil, em carta
enviada à 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de
LGBT. O evento realizado em Brasília, teve início nesta quinta. A estatística
feita pelo GGB serve, inclusive, como parâmetro para as organizações
internacionais de diretos humanos.
Registros
- Segundo o
antropólogo, 235 homossexuais foram mortos em todo o Brasil até novembro deste
ano. No ano passado, foram 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas – 62
casos a mais do que os registrados em 2009.
Somente na Bahia,
que possui o estigma de estado brasileiro onde se mata mais homossexuais, 25
casos foram contabilizados entre janeiro e novembro. Em 2010, foram 29 mortes.
"É preciso que o governo assuma a contagem oficial deste tipo de crime, como
assinado em documento em 2002", afirmou Mott. A morte mais recente foi no dia 17
do mês passado, quando o travesti Samira – Milson Augusto dos Santos, 21 – foi
morto por três tiros na porta de casa no bairro da Boca do
Rio.
"Nunca, como nos
últimos dez anos, o governo federal fez tanta propaganda, prometeu maravilhas,
fez conferências e grupos de trabalho e não obstante, como disse duas vezes a
senadora Marta Suplicy, a situação piorou para os homossexuais no Brasil. Na
Argentina tem casamento gay, aqui tem espancamento!”. A senadora é a relatora do
Projeto de Lei (PLC 122) que criminaliza a homofobia e está em votação no
Senado.
Ainda segundo o
militante, no governo Lula se matava "um gay ou travesti a cada três dias. Com a
presidente Dilma [Rousseff] a imprensa noticia um assassinato a cada 36 horas".
Por conta disso, ele avisa que, a partir de 2012, passará a manutenção do banco
de dados à Secretaria Nacional de Direitos Humanos. "Quem pariu Mateus, que o
embale", disse ele, comprometendo-se a finalizar a estatística de 2011 com
divulgação prevista para o início de 2012. A Secretaria de Direitos
Humanos, por meio da assessoria de comunicação, informou que não comentará as
declarações de Luiz Mott.
Juracy
dos Anjos
Arestides Baptista /
Agência A TARDE
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