terça-feira, setembro 13, 2011

Jovens soropositivos lançam livro e exposição para reflexão contra preconceito

http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=60115

De jovens para jovens. É assim que duas produções, um livro e uma exposição, lançadas na XV Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém do Pará, no Norte do Brasil, propõem o combate ao preconceito contra soropositivos. A publicação AZT, do Ministério da Saúde, reúne o relato de oito jovens, selecionados pelo Concurso Vidas em Crônicas, que contam suas trajetórias de superação do estigma em relação ao HIV. A exposição, por sua vez, apresenta 15 jovens fotografados com artistas nacionais, em cenas de carinho e proximidade. A exposição pode ser vista até domingo (11).
"O jovem falando para outro jovem utiliza a mesma linguagem, favorece a integração e a troca de informações. Falamos a partir da nossa perspectiva, dos nossos anseios. Uma das ideias da Rede é que os jovens sejam protagonistas”, reforça Hugo Soares, representante do estado do Pará na Rede Nacional de Adolescentes e Jovens vivendo com HIV/Aids. Nesse sentido, a exposição foi realizada em parceria entre o Ministério e a Rede, além disso, o espaço para o tema na Feira foi todo pensado e organizado por jovens.
Segundo Hugo, as ações realizadas na Feira do Livro refletem um processo de afirmação dos soropositivos e combate ao preconceito que estão sendo levantadas pelas campanhas relacionadas ao tema. "Antes, não se podia mostrar o rosto, era uma coisa velada”, relembra. Hugo ressalta a importância dessas ações, tendo em vista que "muitas vezes, é o próprio preconceito que leva pessoas com vírus HIV ao óbito”, pois se encontram envolvidos em um quadro de depressão provocado pelo estigma da doença.
O livro de crônicas reuniu cinco histórias sobre jovens que vivem com HIV e três de jovens que convivem com pessoas que têm o vírus. Os selecionados participaram de uma oficina de arte com o jornalista José Resende Júnior, contista e cronista. De acordo o Ministério, "a ideia é mostrar uma nova perspectiva sobre o viver com Aids nos dias de hoje, já que os jovens não conviveram com o início da epidemia no Brasil – quando a doença era considerada uma sentença de morte”.
Hugo Soares foi um dos fotografados pela Exposição, a qual classificou "como um momento ímpar”. Não só pelo processo de produção, mas, sobretudo, pela adesão de outros jovens durante a Feira. "Pelo menos dez jovens com HIV participaram das rodas de conversas e, certamente, irão se juntar às atividades da Rede”, destaca o representante.
Para Hugo, a proposta da exposição, que era demonstrar que carinho e afeto não transmitem HIV, foi bem acolhida pelos visitantes do evento. "Eu recebi um grande retorno das pessoas do meu convívio, que conferiram as fotos”, revela. Ele destaca que alguns dos jovens fotografados sofreram ainda mais preconceito que ele em suas vidas. "Eu não sofri tanto preconceito, comparado a outros jovens que foram fotografados. Alguns até perderam o emprego”, afirmou.
HIV/Aids
Segundo Ministério da Saúde, de 1991 a 2009, o número de municípios com pelo menos um caso de Aids em jovens de 13 a 19 anos aumentou de 155 para 237. No total, registraram-se 12.693 casos de Aids nessa faixa etária de 1980 a junho de 2010. A região brasileira com maior incidência é o Sul, com 4,2 casos a cada 100 mil habitantes. Norte, com taxa de 3,1; Sudeste com 2,7; Centro-Oeste registra 2,6 casos e Nordeste, com 1,9 para cada 100 mil.

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