sexta-feira, agosto 26, 2011

Argentina lança primeiro jornal voltado para travestis


Buenos Aires (Argentina) - Com artigos sobre as próprias experiências, entrevistas e até brincadeiras, um grupo de travestis edita, na Argentina, o jornal "El Teje", a primeira publicação dirigida para este público na América Latina. O objetivo é desmistificar os estigmas contra uma comunidade cercada por preconceitos.

A publicação semestral é o resultado da oficina de Crônica Jornalística, que recebe semanalmente mais de dez travestis no Centro Cultural Rojas, vinculado à Universidade de Buenos Aires (UBA).
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Primeiro jornal voltado para travestis ganha destaque na Argentina | Foto: Reprodução internet
"Esta iniciativa tem como objetivo capacitar e fortalecer a comunidade travesti para enfrentar a discriminação e buscar desmistificar certos preconceitos na sociedade para que se torne mais pluralista", disse a diretora do jornal, Marlene Wayar.

Marlene afirmou que a publicação visa a inclusão social de travestis, que em boa parte são obrigados a se prostituir "por falta de emprego e de oportunidades".

O periódico é distribuído na sede do centro cultural, em organizações feministas, homossexuais e lésbicas de Buenos Aires e no interior, além de hotéis onde membros da comunidade exercem a prostituição, uma atividade proibida por lei no país. A capacitação de transexuais, fomentada por esse projeto, pode ajudar ainda na promoção do respeito pela identidade deste público, que tem dificuldade de conseguir emprego, mesmo tendo diploma universitário.

"É difícil que se tornem médicos, por exemplo, já que mesmo após seis anos de estudo, nenhum hospital vai querer admiti-los", afirmou Marlene. "Há alguns que trabalham como cozinheiros e em bares, mas é uma mudança cultural muito complexa", acrescentou.

Com tamanho reduzido e produzido em várias cores, o jornal contém seções fixas, como "Cuéntame tu vida" (Conta-me sua vida), na qual integrantes da comunidade relatam suas experiências e divulgam informações sobre espetáculos. Entre os colaboradores, pagos para cada artigo que produzem, está Malva, um travesti de 90 anos que enfrentou a perseguição dos homossexuais e transexuais praticada por vários governos.

"Poder viver em liberdade não tem preço. É mais importante que comer todos os dias", afirmou.

O "El Teje", que já está em seu 6º número, também incluiu relatos sobre "o pesadelo" que é, para este público, votar com uma identidade diferente de sua aparência. "Nossa comunidade foi sempre discutida pelos outros. A psiquiatria e as ciências jurídicas nos relacionaram com patologias, além de terem nos criminalizado", disse Marlene.

O jornal também aborda temas que podem interessar ao setor, como a constituição de uma família e o casamento homossexual, aprovado no ano passado pelo Parlamento da Argentina, o primeiro país da América Latina a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Com informações da EFE

http://odia.terra.com.br/portal/mundo/html/2011/8/argentina_lanca_primeiro_jornal_voltado_para_travestis_185781.html

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