Família de Alexandre Ivo quer que lei com nome do adolescente seja incisiva contra a homofobia | ||
Por redação “Se Alexandre fosse gay... ele nunca deixaria de ser o meu Alexandre, o meu filho. Pela minha família, ele nunca deixaria de ser amado, de ser respeitado”, afirmou para a Lado A Angélica Ivo, mãe de Alexandre Ivo Rajão, morto aos 14 anos em 12 de junho de 2010, em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. Ela aprova o nome do uso do seu filho, vítima da homofobia, para batizar a nova proposta de Lei contra a Homofobia, que deverá substitui o PLC 122 no Senado Federal. “Na verdade a gente fica feliz por esse reconhecimento, embora a gente ainda esteja lutando para fazer Justiça do caso. Isso faz com que o caso continue na mídia, sendo discutido”, fala Angélica que espera que na próxima audiência sobre o caso, a quinta, em agosto, finalmente seja marcado o julgamento dos acusados. Era um domingo e o filho foi assistir ao jogo do Brasil na Copa do Mundo, Alexandre Ivo foi até a casa de seus novos amigos, que a mãe ainda não conhecia, e que ele havia conhecido na Praça Zé Garoto, ponto de encontro de jovens de São Gonçalo. Durante o jogo, uma menina acusou um dos conhecidos de Alexandre de incomodá-la. O rapaz, homossexual, negou a agressão mas foi agredido por um grupo de homens chamados à festa pela garota que berravam palavras de cunho homofóbicos durante o ato de violência. Alexandre Ivo não teria presenciado a briga mas acompanhou os amigos foram ao Pronto Socorro e de volta casa, de onde Alexandre ia pegar um ônibus até sua. Alexandre foi encontrado na quarta feira, em um terreno baldio usado por viciados em drogas. Ele foi morto com a sua própria camiseta, além de ser espancado e torturado. A mãe procurava pelo filho desde a manhã de segunda mas desconhecia os novos amigos de Alexandre que acabou conhecendo apenas no IML, por coincidência. Eles faziam o exame de corpo de delito por causa da agressão do domingo e Angélica ia reconhecer o filho, depois que um parente viu no noticiário sobre um adolescente encontrado morto. Angélica foi informada então da situação da briga e de onde seu filho estava no domingo. Os três acusados da morte de Alexandre Ivo são o eletricista Allan Siqueira de Freitas, 23 anos, o brigadista Eric Boa Hora De Bruim, 23 anos e o André Luiz Marcoge da Cruz Souza, 24 anos que respondem pelo crime em liberdade. O processo apresenta várias falhas na perícia policial e a acusação está sendo conduzida por um promotor público. Sobre Alexandre ser homossexual, a mãe diz que não pode afirmar mas sabe que o crime foi homofóbico. “Na verdade eu não posso fazer a minha fala em suposições, eu vou me manter desde o inicio. Infelizmente eu não tive tempo hábil para conversar com meu filho sobre o assunto e ele não teve tempo de firmar a sua orientação sexual”, explica Angélica sobre a sexualidade de Alexandre que teve sua vida ceifada prematuramente de forma cruel. “Quando eu me deparo com mães e filhos homossexuais, eu falo que eles tem que se preservar e contar para a família, pois eles não vão saber lutar e conquistar no mundo sem antes conquistar o seu espaço dentro de casa. Eu nunca desejo para as outras mães passem o que eu estou passando”, desabafa a mãe que tem ainda uma filha, de 18 anos, que quer atuar em direitos humanos por causa da morte do irmão. Angélica ainda não leu o novo texto da lei que quer criminalizar a homofobia no Brasil e diz que vai se manifestar em breve mas que espera que a lei seja incisiva, mas pondera que é uma forma de reconhecer a questão, mesmo que não seja aprovada com o conteúdo da forma ideal. Já Marco Duarte, primo de Angélica, militante dos movimentos gay, negro e saúde mental, afirma que o conteúdo do novo projeto é um retrocesso. “A nova propositura deixa de lado o xingamento verbal, deixa a deriva que uma pessoa que esteja em uma manifestação de afeto homoafetivo seja xingada ou humilhada”, diz o professor da UERJ que também é assessor do deputado Jean Wyllys. Para ele, o novo texto compactua com o conservadorismo, ao contrário da proposta inicial do PLC 122. Para Duarte, que participa do movimento negro, a proposta está sendo alterada para aprovação, mas pode terminar em uma lei ineficiente, como o Estatuto Racial, que foi aprovado mas teve sua essência alterada. Ele diz ainda que a lei contra a homofobia deveria ser como a lei do racismo, que é mais completa. |
Att.
Allan Johan - DRT-PR 8019
Jornalista Profissional Diplomado
Lado A Comunicação
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