Pinheiro confirma que esteve na Marcha contra o PLC 122 e diz que "não se pode cercear a liberdade de expressão"
João Pedro Pitombo
A TARDE
A participação do senador Walter Pinheiro (foto) na Marcha pela Família, que se posicionou contra a aprovação do Projeto de Lei 122/06, que criminaliza a homofobia no País, na semana passada em Brasília, colocou o petista numa “saia justa” perante os setores LGBT do partido.
Antes do evento, a setorial LGBT petista divulgou uma nota oficial em que considerou “um equívoco” a participação do senador, que faz parte da bancada evangélica no Congresso, na marcha religiosa. “Manifestar-se contrário a uma lei que visa punir tais crimes é o mesmo que manifestar apoio a essas manifestações, e isso contribui para uma sociedade ainda mais homofóbica e discriminatória”, afirmaram os petistas LGBTs na nota oficial.
A participação do senador no evento também foi vista com estranhamento por parlamentares petistas ligados à defesa dos homossexuais. A vereadora Vânia Galvão destacou que o partido sempre defendeu o direito à diversidade sexual. “Acho lamentável que ele (Pinheiro) tenha esta posição. Entendo que homofobia representa um ódio, uma demonstração de intolerância de respeito aos direitos humanos e precisa ser combatida”, argumenta.
Projeto - Em entrevista ao jornal A TARDE, o senador destacou que sempre separou a sua fé das questões políticas. “Continuo tendo a mesma posição com relação a direitos individuais. Defendo toda e qualquer forma de combate à homofobia e à intolerância”, argumentou.
O senador, no entanto, admite que discorda de alguns pontos do projeto de lei, motivo que o fez participar da marcha: “Não se combate homofobia com intolerância. Queremos que a lei puna a prática da homofobia, do racismo, da intolerância. Mas não se pode, em nome deste combate, cercear a liberdade de expressão”.
Na avaliação do senador baiano, é preciso tipificar o crime de homofobia. “O texto era muito genérico. Temos que deixar claro o que é incitar, o que é promover a homofobia”.
Questionado sobre o assunto, o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, explica que o senador tem liberdade para defender posições de natureza confessional. Ele, no entanto, nega que o partido esteja utilizando “dois pesos e duas medidas”, já que o ex-deputado federal Luiz Bassuma foi suspenso do partido em 2009 por ser contra a descriminalização do aborto. “Ali foi diferente. Bassuma partiu para agredir os petistas que defenderam essa posição”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário