Foto: Antonio Cruz/ABr Parlamentares durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, dia 29/03
Tatiane Conceição
brasil@eband.com.br
O presidente do GGB (Grupo Gay da Bahia), Marcelo Cerqueira, recebeu com entusiasmo a decisão do STF que passou a reconhecer casais homossexuais como união estável. “A decisão valeu mais do que 30 anos de movimento gay no Brasil”, diz ele.
Mas ele lembra que a luta ainda não terminou. “O próximo passo do movimento LGBT é erradicar a homofobia, principalmente a homofobia cultural e a homofobia cordial”. O que vem a ser estes dois tipos?
Segundo Cerqueira, a homofobia cultural “é aquela que considera os homossexuais cidadãos de segunda categoria”. “As novelas e os jornais estão voltados para os heterossexuais. Não há produtos voltados para a população homossexual”, diz ele.
Já a homofobia cordial está presente no comportamento das pessoas. Ele dá um exemplo bastante comum: “você é minha amiga, mas esconde seu namorado de mim, com medo de que eu dê em cima do meu namorado. Ou há pais e mães que têm amigos gays mas não querem que seus filhos sejam gays”.
Para erradicar a homofobia, na opinião do líder do movimento, é necessária uma ação “poderosa” de educação na sociedade, nas escolas e nos meios de comunicação.
A entidade tenta mudar essa realidade por meio de lobby junto ao Congresso Nacional, com o apoio de pessoas sensíveis à causa como o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), a ministra Ellen Gracie, do STF, e por meio da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).
Nos Estados e municípios, o movimento gay tenta sensibilizar prefeituras para o combate ao preconceito, diz Cerqueira. “Mais de 90 Constituições municipais na Bahia já têm um parágrafo que proíbe a discriminação por orientação sexual”. No entanto, vale lembrar que no Estado há ao todo 417 municípios.
O presidente do GGB afirma que a expansão destas iniciativas depende de dinheiro, que não está chegando na quantidade adequada, na sua opinião. “O governo federal está com a torneira fechada, e por isso o movimento gay tem passado por privações enormes. Muitas entidades fecharam por falta de recursos”.
Segundo ele é muito difícil para as ONGs do movimento LGBT fazerem convênios por meio do Sicov (Sistema de Convênios) do governo federal, por causa da burocracia. Além disso, ele faz críticas ao programa Brasil sem Homofobia, do governo federal, que, na sua opinião, padece da falta de recursos.
Voltando a tratar da decisão do STF, Cerqueira declarou que já esperava que a Corte fosse aprovar a união homoafetiva. “De um modo geral, eu particularmente esperava isso ser aprovado. Existe a necessidade de se antecipar o trem da história, de colocar o Brasil como um país mais pra frente, mais cordial, que respeita a diversidade”.
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