O estudante denunciou a agressão de PMs e foi obrigado a abandonar a universidade após receber cartas com ameaças de morte
31.03.2011 | Atualizado em 31.03.2011 - 16:19
Foto: Reprodução
Baiano que sofreu ameaças chega à Bahia
Wladmir Pinheiro | Redação CORREIO
wladmir.pinheiro@redebahia.com.br
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Deve chegar na noite desta quinta-feira (31), em Salvador, vindo de Porto Alegre, o estudante baiano Helder Santos, 25 anos, que deixou a cidade de Jaguarão, no RS, após sofrer ameaças de policiais militares. O estudante denunciou a agressão de PMs e foi obrigado a abandonar a universidade após receber cartas com ameaças de morte.
Sem ter onde ficar, Helder estava hospedado havia uma semana na casa de amigos na capital gaúcha. Com medo de voltar à cidade onde sofreu as ameaças, o estudante busca a transferência do curso de história da Unipampa para uma universidade na Bahia. "Estou muito confiante de que tudo vai dar certo", contou ao Correio por telefone.
Sem ter onde ficar, Helder estava hospedado havia uma semana na casa de amigos na capital gaúcha. Com medo de voltar à cidade onde sofreu as ameaças, o estudante busca a transferência do curso de história da Unipampa para uma universidade na Bahia. "Estou muito confiante de que tudo vai dar certo", contou ao Correio por telefone.
A passagem foi comprada graças à doação de amigos e movimentos sociais. A cidade de Jaguarão, assim como os amigos, o emprego na prefeitura, os colegas de universidade e a casa ficaram para trás. "Não sei quando vou voltar", disse.
"Sofá, guarda-roupa, cama, fogão, todas essas coisas materiais vão ser doadas aos que estiverem chegando à cidade e precisarem. Mas infelizmente não há ninguém para assumir o trabalho voluntário com a juventude carcerária, com a juventude quilombola que desenvolvia lá", lamentou o estudante.
Em Salvador, nesta sexta-feira (1º), Helder deve se reunir com a secretária de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia, Vanda Sá Barreto, e com o secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia, Almiro Sena.
No entanto, a reunião mais importante deve acontecer amanhã à tarde. Helder se encontrará com o reitor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Paulo Gabriel, para negociar sua transferência para a instituição.
Em Salvador, nesta sexta-feira (1º), Helder deve se reunir com a secretária de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia, Vanda Sá Barreto, e com o secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia, Almiro Sena.
No entanto, a reunião mais importante deve acontecer amanhã à tarde. Helder se encontrará com o reitor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Paulo Gabriel, para negociar sua transferência para a instituição.
"Volta pra tua terra, baiano"
O incidente aconteceu durante uma revista policial após a saída de um baile de carnaval em Jaguarão, fronteira do país com o Uruguai. Depois de denunciar na Corregedoria da Polícia e na rádio local que tinha sido agredido e chamado de 'negro vagabundo' por policiais da Brigada Militar, o estudante, de Feira de Santana, passou a receber cartas anônimas com ameaças.
O incidente aconteceu durante uma revista policial após a saída de um baile de carnaval em Jaguarão, fronteira do país com o Uruguai. Depois de denunciar na Corregedoria da Polícia e na rádio local que tinha sido agredido e chamado de 'negro vagabundo' por policiais da Brigada Militar, o estudante, de Feira de Santana, passou a receber cartas anônimas com ameaças.
"Eram muito agressivos, me chamavam de 'baiano fedido', 'nego sujo', 'volta pra tua terra, baiano'. Pensei que se levasse as cartas à público eles não tentariam fazer nada contra mim", contou o estudante
Em um dos trechos, o texto diz: “Se tu for lá na Brigada e falar a verdade e me caguetar no meu processo, eu vou te cobrir de porrada. No carnaval, tu escapou, mas dei um jeito de embolachar teu amiguinho Seco Edson sem sujar as mãos. Deixamos a cara dele mais feia e preta que a tua, seu otário”.
Após as denúncias, as ameaças aumentaram. "Eles começaram a passar na porta da minha casa com a viatura ligada, várias vezes ao dia. Passavam bem devagar e, no início pensei que era apenas para me intimidar", contou o estudante de Porto Alegre.
Após as denúncias, as ameaças aumentaram. "Eles começaram a passar na porta da minha casa com a viatura ligada, várias vezes ao dia. Passavam bem devagar e, no início pensei que era apenas para me intimidar", contou o estudante de Porto Alegre.
Caso é investigado pelo MP
O caso está sendo investigado pela Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Presidência da República, e pela Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Procurado pelo CORREIO, o comandante da Brigada Militar de Jaguarão, major José Antônio Ferreira, não retornou a ligação para dar esclarecimentos sobre a acusação.
"Eu estava concretizando tantos sonhos, minha casa estava toda mobiliada, minha vida estava toda estruturada. Deixei a Bahia só para estudar, fiz 'Livro de Ouro' para juntar dinheiro, passei listinha entre amigos que me ajudaram a comprar a passagem. Comecei a trabalhar na prefeitura, atuava com um trabalho voluntário na comunidade quilombola, com os presos, e estou saindo daqui sem nada", disse o estudante.
O caso está sendo investigado pela Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Presidência da República, e pela Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Procurado pelo CORREIO, o comandante da Brigada Militar de Jaguarão, major José Antônio Ferreira, não retornou a ligação para dar esclarecimentos sobre a acusação.
"Eu estava concretizando tantos sonhos, minha casa estava toda mobiliada, minha vida estava toda estruturada. Deixei a Bahia só para estudar, fiz 'Livro de Ouro' para juntar dinheiro, passei listinha entre amigos que me ajudaram a comprar a passagem. Comecei a trabalhar na prefeitura, atuava com um trabalho voluntário na comunidade quilombola, com os presos, e estou saindo daqui sem nada", disse o estudante.
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