terça-feira, janeiro 04, 2011

Rio e São Paulo: Jovens humilham nordestinos e pobres

Jovens humilham nordestinos e pobres em comunidades pela internet

Uma escola de samba recebeu ameaças depois que divulgou que faria uma homenagem aos migrantes no próximo carnaval.
Pela internet, jovens humilham nordestinos que vivem em São Paulo e a população mais humilde do Rio de Janeiro. Os casos vieram a público esta semana e viraram assunto de polícia.
São Paulo capital do Nordeste. Uma homenagem da escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi, no carnaval 2011, virou motivo de ameaça. “A gente recebeu vários e-mails ofendendo a escola por estar fazendo uma homenagem aos nordestinos”, conta o presidente da Acadêmicos do Tucuruvi, Jamil Abdo.

Em uma das mensagens - cheias de palavrões – os nordestinos são chamados de povinho de cabeça chata.

No Rio de Janeiro, mais ofensas pela internet. Desta vez, o alvo são pessoas que visitam a árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas. “Chega a ser repugnante o que está escrito. Gente dizendo que pessoas que moram no subúrbio e na Baixada Fluminense são menores e piores, “gentinha’”, diz o delegado Fernando Veloso.

No Rio e em São Paulo, os autores das mensagens podem até ser presos pelo crime de racismo, que tem pena de até 5 anos de prisão. “Quando a gente pensa em crime, pensa em arma, violência e agressão. Não é um crime nesse sentido mas é tão grave quanto um crime que é cometido com arma em punho porque ofende a dignidade das pessoas”, explica Veloso.

João Marcos Crespo é estudante de Direito e mora próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas, um bairro nobre da cidade. “Na residência dele, foram arrecadados objetos que fazem menção ao nazismo”, revela o delegado.
Uma das idéias valorizadas por João Marcos é a eugenia, tese valorizada também por Hitler para justificar a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Para a polícia, o estudante escreveu mensagens racistas. Elas dizem que moradores de subúrbio tem genética inferior, criticam seu cabelo, sorriso e estatura. Esta semana, João Marcos foi interrogado pelo delegado.

“Ele atribui essas mensagens a uma suposta brincadeira. A gente percebe pelo teor das mensagens que não é brincadeira”, argumenta o delegado. Ligamos para o telefone dele. “Nós estamos em um momento em que não queremos falar”, disse o rapaz.

Em São Paulo, o Fantástico conversou também, por telefone, com Caio César, foi ele quem escreveu a mensagem mais agressiva pela escola de samba. O estudante se recusa a admitir que errou ao ofender os nordestinos.

“Eu não me arrependi de criticar. Eu me arrependi de usar as palavras que usei, entendeu? Qualquer outra escola, eu teria criticado do mesmo jeito”, afirmou.
O repórter Valmir Salaro perguntou se Caio tinha alguma coisa contra os nordestinos. “Jamais, eu sou neto de nordestinos, meu querido”, avisou.
Caio César aparece nas fotos com uma bandeira de São Paulo tatuada nas costas. No texto ofensivo aos nordestinos, ele se diz um paulista separatista. “Sim, eu sou separatista”, alegou durante a conversa com o Fantástico por telefone.

Movimentos separatistas querem a independência de alguns estados formando um novo país. Essa ideia nunca vingou no Brasil. “É uma qualidade do Brasil impedir tendências separatistas que sempre levam à discriminação e ao racismo”, avalia o historiador Marco Antonio Villa.
“Você pregar o separatismo tendo como argumento que as outras pessoas são de uma raça inferior é crime”, garante uma delegada.


A delegada e o defensor público Ricardo César Franco são especializados em crimes raciais. Eles acompanham o crescimento de comunidades da internet que pregam ideias preconceituosas. “Migrantes tomam as vagas das nossas crianças nas escolas e creches e aumentam a demanda por merenda. Migrantes querem tomar tudo que pertence aos paulistas. Ao contrário do que pensam, São Paulo não é colônia ou filial do Nordeste”, diz o texto é uma espécie de texto que circula pela internet.

As ofensas que chegaram à Acadêmicos do Tucuruvi seguem esse mesmo pensamento. Mas Caio César não admite que suas afirmações foram criminosas. “Cara, se é crime isso, tem muito criminoso solto por aí então”, argumentou durante conversa com o Fantástico.

fonte: e-mail CEDUS

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