sábado, janeiro 29, 2011

Para não esquecer

Por Maycon Lopes
Não conheci Claudia Wonder no Madame Satã, tempo aliás em que eu nem nascido era. A primeira e única vez que a vi foi pelo ecrã como meu amigo Claudia, transmitido na Mostra Possíveis Sexualidades em Salvador, para onde mais tarde nosso grupo de pesquisa, o CUS, a levaria para realizar senão a última, uma das suas últimas apresentações artísticas em vida, como a emblemática estrela do Stonewall 40+.


por Caio Sá Telles

Posso dizer que não foi menos real para mim conhecê-la no cinema, mas foi possivelmente um dos modos mais comoventes e impactantes de ter contato com a personagem, a figura fabulosa que é Claudia Wonder. Por que pelo cinema a Claudia veio total para mim: brava, irreverente e humana. A partir daquele momento criou-se entre nós uma espécie de pacto de sensibilidade subversiva que não pôde encerrar-se com a sua morte, e é por isso que referir-me-ei sempre à ela no tempo presente, que é o meu tempo. Por que Claudia, enquanto vanguarda, não cabe no calendário. Enquanto vanguarda ela também escapa às classificações, e é por isso que no máximo posso defini-la como contrária à ordem e às subordinações que esta provoca. O seu maior legado sem dúvida é o de resistência à norma através da arte e do corpo. Um ativismo cultural, segundo a própria, espontâneo, sendo possivelmente oriundo daí o fato dela, além de ser Claudia, ser Wonder.
Em 29 de janeiro, dia da visibilidade TRANS, assista ao “Meu amigo Claudia” (2009), documentário de Dácio Ribeiro.

http://noquetange.wordpress.com/2011/01/29/para-nao-esquecer/

Nenhum comentário: