sábado, janeiro 29, 2011

NOTA OFICIAL DA ARTGAY SOBRE VIOLÊNCIA HOMOFÓBICA EM SP

A Articulação Brasileira de Gays (ArtGay) repudia e vê com muita preocupação a reincidência das ocorrências de atos de extrema violência contra cidadãos homossexuais na Avenida Paulista, em São Paulo (SP).
Desta vez, segundo informações, a vítima foi um estudante de 27 anos e seu amigo. Segundo o estudante, ele e o amigo estavam na região da Avenida Paulista, na madrugada da última terça-feira, 25 de janeiro, data do aniversário da cidade de São Paulo.
Por volta das 4h00 da madrugada, “Fábio” (nome fictício) e o amigo caminhavam na Rua Peixoto Gomide, quase na esquina com a Rua Frei Caneca, quando ele levou uma garrafada no olho direito. O estudante conta que não viu os agressores se aproximarem. Ao tomar a garrafada, ouviu o amigo que o acompanhava gritando para que corresse.
O outro rapaz levou um soco no peito e notou que um dos agressores tinha a cabeça raspada, outro tinha tatuagens, e que todo o grupo vestia roupas pretas, dando a entender que seriam “skinheads”.
“Fábio” é homossexual e mora na zona oeste. Seu marido está na Alemanha, onde casaram-se (o país permite a união entre pessoas do mesmo sexo). “Fábio” afirma com convicção que o ataque teve motivação homofóbica porque as roupas que usa e a entonação da voz indicariam sua orientação sexual. Ele lamentou o fato e diz não compreender a motivação para agressões gratuitas como as que têm acontecido na região da Avenida Paulista.
Após a agressão, “Fábio” correu para um posto de gasolina com sangramento no olho e no rosto. Foi nesse momento que o estudante teria, pela primeira vez naquele dia, o sentimento de desamparo. Segundo seu relato, “Fábio” não foi atendido pelos funcionários do posto quando pediu água e um pano para limpar a ferida.
O amigo tentou ligar para a polícia, mas não foi atendido. “Fábio” então
procurou a base móvel da Polícia Militar na Paulista, nas proximidades com a Rua Haddock Lobo. “Fábio” se queixa que os policiais não chamaram reforço para tentar buscar os agressores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Com esse, já são pelo menos cinco casos publicamente conhecidos ocorridos desde 14 de novembro, quando quatro adolescentes e um jovem de 19 anos cometeram agressões contra gays na mesma Avenida Paulista.
A ArtGay espera que o Governo do Estado de São Paulo e o Governo Federal, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública cumpram suas obrigações de proteção aos cidadãos e às cidadãs brasileiras, independentemente de suas orientações sexuais ou identidades de gênero, tomando medidas severas, drásticas, urgentes e emergenciais para frear e combater esta crescente “onda” de violência contra gays que, lamentavelmente, não ocorre somente em São Paulo, mas em todos os Estados do Brasil e, principalmente, descobrir e punir severamente, sem regalias, todos os responsáveis por estes crimes contra a vida humana.
A ArtGay vai estar acompanhando e monitorando os casos já ocorridos e os que vierem a ocorrer e, se necessário for, irá tomar as medidas cabíveis para exigir o cumprimento da legislação brasileira e, do Estado, o cumprimento de sua obrigação em garantir, da melhor forma possível, a segurança nas ruas e locais públicos também para os gays do Estado de São Paulo e do Brasil.
A ArtGay se solidariza com os cidadãos homossexuais vítimas destas barbáries.
Goiânia (GO), 29 de janeiro de 2011.

Léo Mendes
Coordenador Nacional “Pro Tempore” da ArtGay

Terry Marcos Dourado
Secretário de Comunicação “Pró Tempore” da ArtGay

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