quarta-feira, janeiro 12, 2011

Ativismo brasileiro pode abandonar luta por união estável e passar a exigir casamento homo

Ativismo brasileiro pode abandonar luta por união estável e passar a exigir casamento homo

Por Welton Trindade em 11.01.2011 : : 10h04
Presidente da ABGLT, Toni Reis. Projeto de lei contra homofobia pode ser abandonado em nome de outro mais amplo
Presidente da ABGLT, Toni Reis. Projeto de lei contra homofobia pode ser abandonado em nome de outro mais amplo

O ano é novo, mas esse adjetivo parece ter envolvido a ativismo LGBT de forma incrível. A briga pela união estável no Brasil pode acabar em nome do casamento homossexual. O projeto de lei contra a homofobia pode ser descartado pelos ativistas para que se crie uma “lei Maria da Penha” que proteja LGBTs. Até deputado federal gay assumido e consciente temos de novidade!

Tanta discussão sobre o novo está na agenda do presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, que acaba de voltar de 20 dias de descanso. Mas a luta o chama. Nesta entrevista exclusiva ao ParouTudo , o ativista mostra que o fôlego está renovado, assim como as estratégias para tirar o Brasil do atraso em relação aos direitos arco-íris.

Como você analisa o novo Congresso Nacional?
A configuração atual do congresso está mais favorável à comunidade LGBT. Teremos o primeiro deputado gay militante assumido na Câmara, o querido Jean Wyllys. Já num levantamento preliminar, temos em torno de 150 parlamentares com história de defesa da livre orientação sexual e identidade de gênero.

A senadora Marta Suplicy já anunciou publicamente que gostaria de retomar a causa LGBT no Congresso. Em fevereiro, vamos fazer o planejamento estratégico da ABGLT e, logo após, teremos reuniões tanto no Senado como na Câmara para juntos chegarmos a uma estratégia comum.
O primeiro deputado gay ativista, Jean Wyllys: representante de um Congresso Nacional mais favorável a LGBTs
O primeiro deputado gay ativista, Jean Wyllys: representante de um Congresso Nacional mais favorável a LGBTs

Quais os planos a respeito do projeto de lei complementar 122/06, que criminaliza a homofobia?
Há três propostas. Na primeiroa, faríamos um movimento para conseguir as 27 assinaturas dos senadores necessárias para desarquivar o projeto e continuar a discussão. A segunda é fazer outro projeto de lei.

Outra proposta é construir uma proposta parecida com a lei Maria da Penha, voltada para LGBT. Tudo está sendo discutido por vários parlamentares com os quais temos contato. No final de fevereiro com certeza teremos uma proposta fechada.

E com relação à união estável?
Vamos continuar com a proposta do projeto 4914/2009, que foi assinada por 12 parlamentares de partidos diferentes. Entretanto, neste ano, teremos o IV Congresso da ABGLT, em Belo Horizonte, no qual será discutido se vamos continuar com este projeto ou se reivindicaremos o casamento civil, conforme foi aprovado na Argentina, Portugal e Espanha. Tudo será discutido minuciosamente. O nome social para pessoas trans também é nossa prioridade.
Ativista diz ter grande confiança que Dilma Rousseff fará governo pró-LGBT: maioria dos ministros defende causa
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Você acha que os e as LGBTs podem esperar um bom ano no governo Dilma?
Pelo que acompanhei na campanha da presidenta Dilma e todos seus ministros e assessores, estou esperançoso. Ela pessoalmente é muito simpatizante dos direitos humanos de todos e todas, inclusive dos e das LGBTs. Dos 37 ministros, a maioria absoluta é favorável a nossos direitos. Vamos acompanhar direitinho passo a passo, e cobrar de forma inteligente para que dê resultado.

Quais seriam as três prioridades da agenda do movimento em 2011?
A execução das 166 ações do Plano Nacional LGBT no Executivo. No Legislativo, a aprovação de leis que criminalizem a homofobia, reconheçam a união estável, assim como o nome social das pessoas trans.

Quanto ao Judiciário, a aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da ADPF e das ADINs que reconhecem a união civil entre pessoas do mesmo sexo e o nome social das pessoas trans.

Claro, sempre defendendo o Estado Laico, contra o fundamentalismo religioso hoje muito presente no Congresso.

http://paroutudo.com/noticias/2011/01/11/ativismo-brasileiro-pode-abandonar-luta-por-uniao-estavel-e-passar-a-exigir-casamento-homo/

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