sexta-feira, dezembro 10, 2010

Leitores da Lado A previram aumento da homofobia após vitória de Dourado no BBB 10



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07/12/2010 - Leitores da Lado A previram aumento da homofobia após
vitória de Dourado no BBB 10
Por Allan Johan


Em março desde ano, perguntamos aos nossos leitores sobre o programa
Big Brother Brasil e 30% afirmaram que possuíam medo de que a violência
contra homossexuais aumentasse por causa da participação do gaúcho Marcelo
Dourado no programa e acreditavam que se Dourado vencesse o reality show, a
violência poderia aumentar. Os outros 70% achavam que o candidato não
venceria ou não assistiam ao programa.

O vencedor do BBB10 que ostenta suásticas em uma tatuagem (que afirma
ser um inocente símbolo oriental nas vestes de um samurai) afirmou que
apenas homossexuais pegavam o vírus HIV e por diversas vezes agiu com
intolerância aos participantes gays do programa. Sabidamente ele agrediu
travestis em Porto Alegre, que sua tia relatou que ele foi assediado,
desculpa típica de quem não assume o ódio por hmossexuais. A onda de apoio
ao candidato chegou a virar ameaças no Orkut contra Dicesar Ferreira, a drag
Dimmy Kieer. Apesar de afirmar não ter preconceitos, a mensagem estava dada:
a intolerância era vista e premiada em horário nobre na TV brasileira.

Em outra ocasião, denunciamos o fato do participante citar a sigla WSS
durante o programa, para citar um campeonato de sinuca realizada na casa. O
World Snooker Series é de fato um torneio existente, mas também significa
White Sul Skinheads, o maior grupo organizado de violência contra negros e
homossexuais na região Sul. WSS também era a polícia de Hitler. Tudo isso
faz sentido para os skinheads, mas não para a população em geral, ou para a
cúpula da Globo, que exibiu as imagens.

Sabendo da vitória do gaúcho no programa de maior participação popular
da tevê brasileira, candidatos das últimas eleições tentaram reproduzir a
mensagem em campanhas eleitorais. Os direitos gays viraram tema nas
campanhas, quase todos se manifestando contra o casamento gay. A síntese
pode ser avaliada assim: o Brasil é homofóbico.

Esta relação de ganho com o preconceito ou com a omissão aos direitos
gays ganhou nos últimos dias diversas manifestações de preconceito claro. O
BBB 10 legitimou o preconceito e a impunidade. As últimas eleições
reforçaram esta perspectiva, de que ofender ou perseguir homossexuais no
país não é crime. Igrejas defendem livremente o direito de chamar
homossexuais de pecadores, de doentes, e ganham aliados. Até um deputado
afirmou que bater em filho com tendência homossexual é tolerável. Em suma,
na busca pela fama, vale tentar ser o Dourado. E o outro deputado babaca
brinca: "te mato", se um dia você disser que é gay.

E cidades como o Rio de Janeiro, eleito melhor destino gay do mundo,
convivem com casos de homofobia. Até a tolerante e exemplar metrópole de São
Paulo tem casos, que chamam de isolados, de violência gratuita contra
homossexuais. Há até casos relatados de preconceito nas universidades. Casos
graves, pois estão formando a futura classe dita intelectual do país.

Não se trata de aumento da violência, mas uma maior confiança dos
preconceituosos de mostrarem que são contra os gays. O importante nesta hora
é dizer que se tratam de casos isolados. São apenas alguns ínfimos dos casos
de preconceito e violência contra homossexuais que a mídia dá espaço. É
preciso lembrar dos gays do interior, os gays adolescentes que vivem o
inferno dentro de casa e nas escolas.

O preconceito está institucionalizado no país e se mostra em todos os
meios. O preconceito está minando o futuro de muitos homossexuais que
poderiam contribuir e muito em suas vídas acadêmicas e profissionais. O
preconceito está afugentando grandes mentes que vão para o exterior com medo
do perigo que é ser diferente em seu próprio país. A maior violência porém
não é a física, mas aquela que se refere à alma. O gay vive no Brasil em
estado de alerta, com medo, e sua psique é vítima de uma violência que não
pode ser medida, que não consigo achar um nome, uma marca que tão pouco pode
ser curada.

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