domingo, dezembro 05, 2010

Avenida Paulista registra mais uma agressão com suspeita de homofobia

Publicada em 05/12/2010 às 14h36m
Cleide Carvalho, O Globo

SÃO PAULO - A polícia investiga mais um caso de agressão na Avenida Paulista, com suspeita de homofobia. Um estudante e um operador de telelemarketing foram agredidos por volta de 4h54m de sábado por um grupo de jovens na altura do número 1.500 da avenida, perto do Parque do Triano.
Policiais Militares foram chamados para atender a ocorrência. As duas vítimas disseram ter sido agredidas por serem homossexuais.
Os dois foram levados ao Pronto Socorro Vergueiro. Um dos agredidos, o estudante, continuou internado.
A Polícia Militar registrou o boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial e informou não ter mais detalhes da agressão, uma vez que os dois homens estavam sendo atendidos no hospital. As vítimas deverão prestar esclarecimentos na delegacia. Não há suspeitos e ninguém foi preso.
Neste sábado, a Secretaria de Segurança Pública informou que surgiu mais uma vítima do grupo de jovens que promoveu uma série de agressões na Avenida Paulista em novembro passado. O homem, de 38 anos, foi agredido em 18 de março último, ao sair de uma boate na Rua Augusta. A vítima teve ossos do rosto quebrados ao receber golpes com soco inglês.
- Foi uma agressão pesada. Eu estava saindo deste clube na Rua Augusta quando foi surpreendido por dois rapazes. Um deles me imobilizou por trás, o outro desferiu golpes com soco inglês - conta o rapaz.
- Eles não falaram nada, não citaram absolutamente nada, mas presumo, com convicção, que foi crime homofóbico - diz.
O homem teve de ser submetido a cirurgia no rosto, com colocação de pinos e placas de titânio. Depois que se recuperou, retornou ao trabalho e viajou para o exterior. Ao retornar, viu na tevê as imagens do grupo que agrediu quatro jovens na Avenida Paulista. Câmeras de segurança de prédios na Paulista gravaram duas das agressões - em uma delas, dois jovens foram espancados; em outra, um jovem recebe golpes no rosto, dados com lâmpada fluorescente.


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A vítima reconheceu nas imagens dois de seus agressores. Um deles é o único maior de idade entre os agressores, Jonathan Domingos, de 19 anos. O outro é um dos quatro adolescentes.
Domingos teve a prisão preventiva pedida pela polícia, mas a Justiça ainda não decidiu pela prisão e pediu mais informações sobre o inquérito. Os outros quatro integrantes do bando, todos adolescentes, estão internados na Fundação Casa por determinação da Vara da Infância e Juventude, que deverá decidir sobre a medida socioeducativa a ser aplicada. Eles respondem por tentativa de homicídio, lesão corporal e formação de quadrilha contra quatro vítimas.
Os quatro, considerados menores infratores, poderão cumprir até três anos de internação. Domingues foi indiciado pelos crimes.
A segunda onda de agressões do grupo ocorreram no dia 14 de novembro e começaram às 4h30m da madrugada, em uma boate no bairro de Moema, onde um rapaz foi agredido. Depois de um esbarrão em um dos integrantes do grupo, um rapaz foi espancado e sofreu fratura no maxiliar. Em seguida, os cinco foram para a Avenida Paulista. Os primeiros a serem agredidos foram dois jovens que esperavam por um táxi. Cerca de 300 metros depois, três rapazes caminhavam pela calçada quando um dos integrantes do grupo entrou na frente deles. O rapaz que estava mais perto foi agredido no rosto, duas vezes, com lâmpadas fluorescentes.
O rapaz agredido na Rua Augusta será submetido a uma segunda cirurgia corretiva do rosto na próxima sexta-feira. O depoimento dele será anexado ao inquérito já aberto. Ele já fez o reconhecimento dos dois agressores por meio de fotos, na delegacia.

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