domingo, outubro 31, 2010

Transexual continua luta para trocar de nome


http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=81849


Transexual continua luta para trocar de nome

Publicada: 30/10/2010
Texto: Carla Sousa A transexual Adriana Lohanna continua a luta na Justiça para que possa trocar seu nome de batismo, Adriano Santos. Na manhã de ontem ocorreu a primeira audiência sobre o caso e foi quando finalmente Lohanna teve oportunidade de falar frente a frente com a juíza Jocelaine Costa Ramires. “Estou mais aliviada porque finalmente ela me ouviu e ouviu as testemunhas. Acredito que tudo vai andar normalmente e eu vou poder mudar meu nome”, afirma. Para dar continuidade ao processo serão encaminhados relatórios do tratamento pelo qual Lohanna vem passando no Rio de Janeiro que irá possibilitar a mudança do sexo.

“Esse foi um requerimento nosso para que as provas fiquem mais robustas. Solicitamos que fossem emitido e encaminhados à juíza laudos psicológicos, psiquiátricos e da evolução do tratamento ao qual ela vem se submetendo para que possa passar pela cirurgia de mudança de sexo”, explica o advogado de Lohanna, Thenisson Santana Dória. Segundo ele, o entendimento que está sendo levantado é de que não é necessário que ela se submeta primeiro à cirurgia para que possa ter o nome alterado, como defendem alguns magistrados. “O nome está mais atrelado à condição social e a como ela é reconhecida na sociedade”, ressalta o advogado.

Após essa primeira audiência, Lohanna irá aguardar a prova chegar aos autos, em seguida o pronunciamento do promotor e a decisão final da juíza com base em tudo que foi apresentado. Ela afirma que a expectativa é das melhores e que aliado a isso também está a ansiedade pela cirurgia de mudança de sexo. “Comecei a fazer o tratamento em maio e ainda vai levar um tempo até que eu possa fazer a cirurgia”. Lohanna será submetida ao procedimento no Rio de Janeiro através do Sistema único de Saúde (SUS).

Apesar de ter que enfrentar todos esses obstáculos, Lohanna já comemora a sua aceitação pela
sociedade e conta que na universidade em que estuda já não sofre mais tanto preconceito.

“Mesmo sem eles aceitarem eu continuo utilizando o banheiro feminino da faculdade, mas já foi uma vitória o fato deles não quererem colocar mais obstáculos”, afirma a estudante de Serviço Social. O fato de ter sido proibida de utilizar a banheiro destinado às mulheres foi o que trouxe à tona a história de Lohanna em julho de 2009 dando grande repercussão ao caso. Foi a partir de então que a jovem transexual passou a ser acompanhada pelo Centro de Referência de Combate à Homofobia, órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública (SSP).

A assistente social do Centro, Edna Lima Cavalcante, explica que em dois anos de funcionamento o órgão vem acompanhando vários casos de homossexuais que querem mudar de sexo, ao todo já são 12. Sendo que o primeiro já foi dado como favorável, por conta disso a expectativa para o caso de Lohanna é grande, segundo ela. “Mesmo com pouco tempo de atuação nós já conseguimos ter sucesso em um caso e estamos muito confiantes desta vez, até mesmo porque a Lohanna é muito querida entre todos e tem muita gente envolvida para poder ajudá-la”, explica.

Centro Edna explica que o Centro é referência em todo o país no combate aos casos de homofobia. Além de Sergipe, apenas outros três Estados possuem órgão com esse mesmo objetivo. No espaço, localizado à Rua Campos, número 82, são prestados serviços de atendimento jurídico, psico e social. “Nós temos um psicólogo, uma assistente social e trabalhamos em parceria com a Defensoria Pública. O centro é a porta de entrada para o acompanhamento de casos de violência contra os homossexuais do Estado”, explica.

O Centro trabalha ainda com atividades educativas, como projetos e palestra que têm como público alvo estudantes de escolas pública e universidades. “Precisamos despertar o debate sobre o tema, pois isso já é uma forma de promover a entendimento da sociedade e minimizar a discriminação e o preconceito contra os homossexuais”, destaca.

Documentário No próximo dia 9, às 19h, no campus da Unit na Farolândia, acontecerá o lançamento de um documentário que traz um depoimento da jovem transexual Adriana Lohanna. O temo do documentário produzido pelo Grupo de Estudos sobre Mulheres, do curso de Serviço Social, é Mulher: Condição Plural ou Singular?. “Lohanna foi uma das 13 mulheres que foram escolhidas para dar seu depoimento sobre a condição de ser mulher nas mais diversas formas de inserção social”, explica a professora e antropóloga Jesana Batista, uma das responsáveis pelo trabalho.

A obra será apresentada dentro do evento Curta Mulher, que já está na sua quinta edição.

“Queremos mostrar que não existe ‘a mulher’, mas sim mulheres com fraquezas, sonhos, dificuldades próprias e nesse sentido mostrar a dimensão da singularidade do ser feminino”, explica a professora. O documentário que traz a própria Lohanna contando sua história de vida foi aceito pela juíza para compor os autos do processo, o que foi amplamente comemorado pela transexual que luta para pela mudança no nome e aceitação da sociedade.

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