quinta-feira, outubro 28, 2010

De Bariri Studios para o mundo (com escalas na Sala Baden Powell e no Teatro Café Pequeno)



Ao que interessa

Pianista de formação erudita, ele enveredou pelo jazz à brasileira, mas de um jeito bem particular. Um curioso incansável, alia música e tecnologia sem prejuízo para a alma ou o bom gosto. Instrumentista respeitado por seus pares, é requisitado nos estúdios e nos palcos. Fernando Moura é isso tudo, mas só dá para ligar o som ao dono do som quando ele parte para uma de suas raras aventuras solo, gravando disco e defendendo o repertório ao vivo. Pois bem: depois de mixar Tudo Piano em Londres, Fernando Moura vai mostrar as doze faixas do CD no dia 29 de outubro, na Sala Baden Powell, e nos dias 12, 13 e 14 de novembro, no Teatro Café Pequeno. O disco, Moura gravou sozinho, unindo sonoridades de diversas partes do piano a efeitos pra lá de especiais. Num rasgo de bom senso – “se eu subo no palco só com piano e computador vai ficar parecendo sessão de karaokê” –, ele dividirá as apresentações com parceiros de longa data: João Castilho (guitarra), Rodolfo Cardoso (bateria) e Ronaldo Diamante (contrabaixo). O repertório é um prato cheio para o virtuosismo do quarteto, mas também leva em conta a alegria da plateia. Traz composições do disco, como Around the World, matriz da premiada trilha sonora que Moura compôs para o filme Maré, Uma História de Amor, de Lúcia Murat, o hino jobiniano Água de Beber e um pot-pourri dedicado a Henry “A Pantera Cor de Rosa” Mancini.

Mais sobre o homem

Inspirado pelo nome da rua onde fica o estádio do brioso Olaria Atlético Clube, Fernando Moura inaugurou há 23 anos o Bariri Studios. Lá ele joga nas onze. E por música. Na sua sede oficial, em Botafogo, o pianista, tecladista, arranjador e compositor busca doses iguais de inspiração e transpiração produzindo temas para rádio, cinema e TV. Também se prepara para turnês. Ao longo de mais de três décadas de carreira, já foi convocado para acompanhar um extenso time de craques. A lista vai de Marisa Monte e Moraes Moreira a artistas japoneses como o cantor Miyazawa Kazufumi, passando por Chuck Berry, o pai do rock, e George Martin, o quinto beatle – estes dois últimos em históricas apresentações no Brasil.
Quem é este cara que bons músicos conhecem e respeitam? Para confundir ainda mais, sua obra pode ser ouvida na abertura do programa A Turma do Didi ou na trilha do filme Maré, Uma História de Amor, de Lúcia Murat, premiada no 30º Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano, em Cuba. Fernando Moura é muitos. No Bariri Studios, recorre tanto à sonoridade límpida de um piano Yamaha de cauda quanto às possibilidades de seu arsenal eletrônico. Ele domina de sintetizadores clássicos, como o mini moog, a novidades de última geração.
Como se também buscasse responder a pergunta acima, Moura volta e meia troca os muitos compromissos por um projeto autoral, um gol de placa bem particular. Foi assim com os CDs Cinema Tocado, de 1992, e Do Bom e do Melhor, lançado em 2002. Mas o principal atleta do Bariri Studios nunca revelou tanto sobre si mesmo quanto no recém-lançado Tudo Piano. Nas doze faixas do novo disco solo, todas composições dele, Moura bate o escanteio e corre até a área pra cabecear. Ou seja, faz tudo: dedilha as teclas, batuca na madeira da caixa do instrumento, descobre um baixo pressionando as cordas de seu Yamaha. Para reforçar a sucessão de climas sugeridos pelas músicas (nítida influência de sua produção para cinema e TV), Moura usa os equipamentos eletrônicos do estúdio. Sem preconceito. “É no instrumento acústico que se imprime a personalidade, o lado autoral mais evidente, mas não há como fechar os olhos para tudo o que a informática trouxe para a música”, reconhece. Ao vivo, esta jornada musical de um homem só será amplificada em formação de quarteto, com o baixo acústico de Ronaldo Diamante, a guitarra de João Castilho e a bateria de Rodolfo Cardoso. Quer saber quem é o Fernando Moura? Vai lá no show.

Pedro Tinoco



Dia 29 de outubro às 20h. Sala Baden Powell – Copacabana – R$ 20,00
Dias 12 e 13 de novembro às 19h e dia 14 de novembro às 18h – Teatro Café Pequeno – Leblon – R$ 20,00

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