sexta-feira, outubro 29, 2010

AS MULHERES PARA SERRA: PARIDEIRAS E PROSTITUTAS

No dia 14 de outubro publiquei o texto "Ainda hoje as mulheres são mantidas longe do poder", onde citei a "participação feminina" na campanha de José Serra à presidência da República. Serra jamais falou em participação das mulheres na política, jamais falou nos salários mais baixos que as mulheres recebem no mercado de trabalho, jamais falou na redução da violência contra a mulher, enfim, jamais falou em políticas públicas voltadas para as mulheres, a não ser aquelas voltadas à maternidade.

Ao longo de todo o período eleitoral, Serra tratou as mulheres como sinônimo de parideiras. Afinal, é essa a mensagem que passa uma campanha que liga sistematicamente a questão da mulher apenas à maternidade. Se tivesse ficado somente nisso, teria sido a marca do machismo numa campanha marcada pelo religiosismo e a defesa de toda a agenda do conservadorismo mais retrógrado.

Mas Serra não pararia por aí. Em encerramento de ato político hoje, em Uberlândia, Serra voltou a pedir para que seus eleitores buscassem outros votos além do seu. A "novidade" na fala que ele vinha fazendo desde o primeiro turno foi pedir para que "meninas bonitas" seduzam homens para que votem nele.

Segundo matéria da Folha.com (leia a íntegra da matéria), Serra afirmou que "Se é menina bonita, tem que ganhar 15 [votos]. É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45". 
Como assim? Isso é degradante até mesmo para José Serra, baluarte do conservadorismo. Um homem que manda mulheres usarem o poder da sedução para tirar algo de valor (no caso o voto) de outros homens tem nome: Cafetão.

Serra, faltando poucos dias para o fim do segundo turno, inaugurou uma nova etapa no trato que sua campanha deu até então às mulheres. Evoluiu da mulher-parideira à mulher-prostituta. A maternidade é UMA das muitas características da mulher, mas a mulher não se resume à maternidade. Assim como  a  auto exploração da sensualidade deve ser uma opção restrita ao indivíduo e respeitada por todos, mas NINGUÉM tem o direito de explorar a sexualidade e a sensualidade alheia.

Serra extrapola seu próprio machismo e atinge um novo patamar, o do explorador de mulheres, mas só as jovens e bonitas. Exatamente igual ao que faz qualquer cafetão quando "seleciona" meninas novas para agradarem seus clientes.

Se Serra já merecia toda a crítica pela ausência total de políticas públicas para mulheres, hoje Serra passou a merecer o desprezo que merece qualquer explorador dos atributos físicos e sexuais das mulheres.
Postado por Mirgon Kayser Junior

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