quarta-feira, agosto 25, 2010

Beijo gay do PSOL desnuda conservadorismo nas eleições 2010
Por Marcelo Hailer 19/8/2010 - 19:14


Se o candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), Paulo Bufalo, irá se eleger, isso é algo que nós só descobriremos no dia 03 de outubro, quando acontece a votação do primeiro turno das eleições 2010. Porém, a sua candidatura e campanha já estão cumprindo um papel: trazer à discussão a questão do beijo gay.

Como você pode conferir aqui no A Capa, a esquete do PSOL, que foi exibida ontem na TV, teve como tema central a questão da opção pelo voto além do PT e do PSDB. Enquanto a mensagem da campanha era exibida, vários personagens configuravam o vídeo. Entre eles, um casal gay se beijando explicitamente.

No Twitter, o diretor da campanha, Pedro Ekmer, escreveu: "em dez minutos, a TV (...) de São Paulo vai ver o que a Globo não tem coragem de mostrar nas suas novelas", alertando para o fato de que um beijo gay seria exibido em horário nobre.

A conclusão que se pode chegar é que o beijo gay é, sim, um tabu na TV brasileira. Em comunicado ao jornal Folha de São Paulo, a Globo afirmou que a novela é entretenimento e que não há espaço para tratar de "questões sociais". Então, qual é a serventia de ter um personagem como Danilo (Cauê Reymond), viciado em drogas, na atual novela das 21h? Droga não é uma questão social?

A posição da rede Globo e a reação dos internautas que comentaram e espalharam a noticia, fazendo com que até o jornal carioca O Globo fizesse matéria a respeito da campanha paulista do PSOL, revela algo que é obvio e triste. O Brasil não está atrás apenas no que diz respeito aos direitos gays, mas sua televisão (aberta) também é um retrato grotesco do conservadorismo reinante.

Recentemente, a TV Argentina exibiu um beijo gay na novela "Botineras", que é veiculada em horário nobre; A MTV Brasil também já cumpriu este papel ao exibir um casal se beijando no extinto "Beija Sapo" e até a ultima edição do "Big Brother" mostrou Dicesar e Serginho trocando um selinho. Mas por que o beijo gay na teledramaturgia incomoda tanto?

Homofobia. Quem assistiu a última edição do programa "A Liga", exibido toda terça-feira no canal Bandeirante, que levou dois jovens à estação de metrô Bresser-Mooca que se beijram em público, notou a reação das pessoas e suas opiniões. Vários disseram que sentiam "nojo" e que aquilo "não" é certo". Ou seja, os canais de televisão aberta não irão afrontar o seu público majoritário e também não querem espantar anunciantes que não concordam com o tal do beijo gay.

As novelas da rede Globo continuarão a não exibir o beijo, mas com certeza muito gay ainda vai virar hetereossexual em suas tramas para casar, ter filhos e ser feliz. Mercadante (PT) e Alckmin (PSDB), também candidatos ao governo de São Paulo, dificilmente irão fazer algo do tipo em suas campanhas. É mais facil manter a maquiagem e os temas "polêmicos" de fora.

Portanto, pode até ser que Paulo Bufalo não ganhe as eleições do Estado de São Paulo, mas o seu partido, com apenas seis anos de existência, já consegue fazer valer a palavra "liberdade" que carrega em sua bandeira.




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