Gays precisam mais do que nunca votar conscientes nestas eleições
Por Allan Johan - 27/07/10
Vários leitores pediram para que eu me manifestasse a respeito das próximas eleições. O que é complicado, pois sou filiado ao PSB e pretendo me candidatar de novo nas próximas eleições para vereador em Curitiba. Mas tentarei aqui dar a minha visão sobre a conjuntura política atual sob a ótica de um eleitor gay, que assim como a maioria da população não está contente com os nomes apresentados.
A partir deste ano, os candidatos a governadores e à presidência precisaram redigir propostas para ter terem suas candidaturas validadas pela Justiça Eleitoral, onde foram registradas. Na teoria isso é muito bom, mas não há lei que obrigue os eleitos a cumprirem o prometido em campanha, mas os eleitores podem cobrar essas promessas depois. Infelizmente, para nós gays, lésbicas e afins, mostra uma realidade: os candidatos, em sua maioria, não nos colocaram como prioridades de seus governos, pelo menos nos planos apresentados ao TRE que acabaram sendo genéricos como “melhorar a educação”, “promover a inclusão social”, entre outras afirmações canastronas. Então, como decidir o nosso voto? Bem, não podemos acreditar naqueles que dizem que nos entendem, defendem, mas não nos incluem em seus programas por medo de perderem votos.
O jeito, caros amigos, é votar por exclusão. Aqueles que já estiveram no poder e nada fizeram por nós, não devem receber nosso voto precioso. No Paraná, temos um caso claro: o candidato a governador Beto Richa. Nos 6 anos enquanto prefeito de Curitiba, Richa não foi a um evento voltado ao público LGBT, vetou – em 2008 - o projeto de lei para a criação do Dia Municipal Contra a Homofobia e, apesar dos recordes de violência registrados (Curitiba foi em 2009 o lugar onde mais gays morreram assassinados no país), não criou ou discutiu uma lei punindo a homofobia na cidade. Isso sem contar que houve um caso envolvendo um de seus seguranças em uma agressão homofóbica, pouco antes de ele ser transferido para o gabinete do prefeito. Ou seja, ao invés de demissão, o guarda municipal foi promovido. Não que o outro candidato favorito (os dois em empate técnico) mereça o meu e o seu voto, afinal, ele está ao lado de Roberto Requião, ex-governador do Paraná e candidato ao Senado pelo PMDB do PR, que faz piadas de gays em público e um dos inimigos públicos dos gays em nossa lista deste ano. Difícil escolher por aqui.
Marina Silva e Dilma Roussef (candidatas à Presidência) chegaram a dizer que o casamento é religioso e que apóiam a união civil, mas os planos de governo delas não incluem nem essa opinião. José Serra fez o mesmo, só não fez a menção ao sacramento religioso. Apesar do PT ter feito eventos e até um programa chamado Brasil sem Homofobia, o PSDB também tem um histórico de criar programas e órgãos para os gays em São Paulo mas os dois empatam em uma coisa: são lentos – o PSDB teve 8 anos com o FHC - e são de discurso prolixo, vazio na prática. Para presidente, os candidatos do PT e PSDB empatam, em descaso com a nossa causa. Mas podemos pensar de outra forma. O PSDB pode chegar ao poder novamente e ter suas prioridades, já o PT não pode alegar mais que não estava sabendo, são 8 anos de enrolação pelos nossos direitos, mais um pouco e partimos para a revolução propriamente dita, só falta isso.
Precisamos de candidatos que nos representem, que coloquem nossas prioridades em pauta com coragem, como fez a presidenta argentina Cristina Kirchner, que peitou a Igreja e os conservadores, mostrando que é preciso evoluir. Ou como o conservador presidente português Cavaco Silva, que calou a boca de todos os portugueses antiquados e aprovou o casamento gay em seu país, para não perder tempo com discussões ante tantas prioridades econômicas.
Mais uma vez, estamos fora dos planos oficiais dos candidatos, somos até chamados de “tema polêmico” e evitado nesta corrida eleitoral. Não entendo o porquê do medo dos candidatos em nos verem como cidadãos e eleitores. Talvez devêssemos todos votar nulo e promover isso em todo o país, para que vejam quantos somos, quantas pessoas estão do nosso lado. Não quero nem falar no voto evangélico, nos irmãos que se dizem cristãos e pressionam candidatos a não se comprometerem com a gente. Infelizmente, política é um mal necessário e se for de fato um jogo, estamos perdendo feio. Vamos aguardar para ver se os candidatos se apresentam melhor ao longo da campanha, mas nada de acreditar em velhas artimanhas eleitorais.
Por isso, resolvi não ficar calado e coloco desde já meu nome à disposição da comunidade para 2012. Sei que não vou roubar e que trabalharei bastante, pelo menos seria um lugar a menos para um corrupto ou mal intencionado. Quem tiver coragem, faça o mesmo. Precisamos ocupar espaços e apresentar melhores candidatos. http://www.revistal
ELEIÇÕES 2010: ABGLT lança campanha “Voto contra a Homofobia, Defendo a Cidadania”
Campanha procura o compromisso de candidatos com a cidadania LGBT
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, lançou a campanha destinada aos candidatos e candidatas nas eleições de 2010.
Com o lema “Voto contra a Homofobia, Defendo a Cidadania”, a campanha visa identificar candidatos(as) que assumem abertamente o compromisso com a promoção da cidadania de pessoas LGBT, e que poderão fazer a diferença para estes segmentos da população no Legislativo e no Executivo no período de 2011 a 2014.
No Legislativo, a campanha pede principalmente o compromisso com a apresentação e aprovação de projetos de lei que promovam os direitos das pessoas LGBT, com ênfase no combate à discriminação, o reconhecimento legal das uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo, e o uso do nome social de travestis e transexuais (o nome pelo qual escolhem ser chamadas, que condiz com sua identidade de gênero, muitas vezes diferente do nome de registro civil).
No Executivo, destaca-se o compromisso com a implementação das decisões da 1ª Conferência Nacional LGBT e das Conferências Estaduais LGBT (2008). Nos estados, a ênfase está na criação de coordenadorias de políticas para LGBT como parte da estrutura dos governos, a elaboração e implementação de planos estaduais de promoção da cidadania e direitos humanos de LGBT, baseados nas resoluções das conferências estaduais LGBT, e a criação de conselhos estaduais de promoção da cidadania e direitos humanos de LGBT, como uma instância de controle social.
A diretoria da ABGLT será responsável pela articulação da campanha junto aos candidatos e às candidatas à presidência da república. Os diretores regionais, os coordenadores estaduais e as 237 organizações afiliadas promoverão a campanha junto aos candidatos e às candidatas a senador(a), deputado(a) federal, deputado(a) estadual e governador(a).
Na medida em que os/as candidatos(as) se aderirem à campanha, por meio de assinatura de Termo de Compromisso, seus dados (nome, cargo pretendido, partido, estado, número de candidatura etc.) serão publicados no site da ABGLT a fim de divulgar seu comprometimento com a promoção da cidadania da população LGBT.
“Queremos que os eleitos sejam assumidamente defensores dos direitos humanos da comunidade LGBT. Somos o único grupo social vulnerável que não tem nenhuma lei a nosso favor aprovada pelo Congresso Nacional” afirma Toni Reis, presidente da ABGLT.
A campanha completa e os termos de compromisso (anexos) estão disponíveis no site da ABGLT, em www.abglt.org.
Informações adicionais:
Toni Reis – Presidente da ABGLT – 41 9602 8906 ( presidencia@
Carlos Magno – Secretário de Comunicação da ABGLT – 31 8817 1170 ( karlmagno@gmail.
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