domingo, agosto 08, 2010

Ato denuncia assassinato de Camille Gerin


Quando as pessoas perguntam “mas o que é ser travesti?”. Ser travesti é estar o tempo todo com uma arma, pensando figuramente, é estar com uma arma apontada pra tua cabeça. É fazer roleta russa com a tua própria vida. Assumir ser travesti na sociedade aqui no Brasil, aqui em São Paulo, aqui em Campinas, é isso. É estar o tempo todo falando “sou um alvo. A hora que você resolver você pode vir me pegar”. Janaína, integrante do Identidade

“As pessoas que mais nos criticam (…) as pessoas que mais metem o pau na gente, são os clientes das travestis, que a noite procuram pra ser passivas pra elas. Hipocrisia. Caem de pau na luz do sol e de boca à luz da lua. Esther, integrante do Identidade.

Aproximadamente 130 pessoas participaram do ato contra a violência e denúncia do assassinato de Camille Gerin,

travesti e integrante do Identidade: Grupo de Luta pela Diversidade Sexual, assassinada em Campinas há poucos dias atrás.

A concentração se deu na frente da Estação Cultura e desceu toda a Rua Treze de Maio. Na concentração, o ato começava em meio à bandeiras de candidatos às eleições, carros que passavam pela avenida, e transeuntes que acompanhavam a aglomeração com o olhar. Chamando a atenção pela cor preta, cor de luto, os manifestantes desceram lentamente em uma marcha silenciosa, ao som de batidas fúnebres de tambores. As falas se deram através de cartazes denunciando a violência. Panfletos iam sendo entregues à população. À frente da marcha, um caixão ia sendo levado junto à bandeira colorida e a faixa principal: ”Estamos de luto”.

À medida que a manifestação ia descendo e tomando o centro da rua, ia aumentando a quantidade de transeuntes: consumidores na véspera do dia dos pais. Paravam em volta, olhavam. Alguns perguntavam. Ouvia-se o burburinho das lojas em promoção que mesmo perante o luto, continuavam entoando propagandas pelos microfones dos vendedores. Um misto de cotidiano consumista e procissão, um encontro de duas realidades. O luto ia adentrando no dia a dia capitalista da Treze de Maio.

No fim da rua, a manifestação se posicionou em frente à catedral, na praça. Todos fizeram círculos ao redor do caixão. Foram lidos em voz alta inúmeros nomes de pessoas, gays, travestis, heteros, violentados e assassinados nos últimos anos. Camille Gerin: presente. Foi feita então uma grande roda na praça. Todos os cartazes foram colocados ao redor do caixão, no centro da roda, finalizando o ato., que durou aproximadamente duas horas.

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