http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/policia/casal-teria-sido-agredido-com-golpes-de-arma-indigena-em-itaipu
Após ingressarem em sítio arqueológico de uma área indígena da
Região Oceânica, casal teria sido atacado a golpes de tacape por um
suspeito que estaria vivendo no local
Dois homens teriam sido atacados a golpes de tacape (arma indígena)
após ingressarem no sítio arqueológico dos Sambaquis, área indígena em
Itaipu, na Região Oceânica de Niterói. A violência teria sido tão
grande, que o tacape - que continha vários espinhos - teria se quebrado
durante a agressão. O crime teria acontecido há cerca de um mês. Uma das
vítimas registrou queixa na 81ª DP (Itaipu), mas o caso também é
investigado pela Polícia Federal (PF). Segundo alguns índios da aldeia, o
crime pode ter sido motivado por homofobia. Eles afirmam que o casal
teria ingressado na reserva para namorar.
“Ainda estamos investigando. No momento não podemos afirmar as
motivações. No dia da ocorrência a vítima disse apenas que foi agredia
por um índio, sem motivos aparentes”, contou o delegado titular da 81ª
DP, Gabriel Ferrando, que convocou a vítima para prestar depoimento na
próxima segunda-feira.
Com receio da repercussão negativa do incidente, índios da aldeia
teriam expulsado o suposto agressor, identificado por eles como Guaraci
Lufranci. Eles procuraram ajuda do Conselho Comunitário da Orla da Baía
de Niterói (CCOB), que redigiu ofício relatando o incidente à PF e
também à Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Os índios contaram que depois do crime foram intimidados e ameaçados
pelo agressor. Então, resolveram apreender todas as armas que Guaraci
mantinha na aldeia – que incluiriam tacapes e machadinhas de diferentes
tipos - e ordenaram que ele saísse. Eles afirmam ainda que o agressor
não era índio, embora frequentasse a aldeia sob a alegação de que
pretendia ajudar a preservar o sítio arqueológico”, relatou o presidente
do CCOB, José de Azevedo.
“O acolhemos, mas já o expulsamos”, garante Darci Tupã, que era
cacique da aldeia na época da agressão, e que agora teme pela segurança
dos índios que vivem no local. “Após aquele ato de violência, quatro
homens já apareceram por aqui procurando pelo Guaraci. Acredito que
possam estar tentando algum ato de represália”, declarou.
Guaraci, que ontem prestou depoimento na 81ª DP, nega as afirmações
contra ele. “Eu não tenho nada contra os gays. Apenas não acho certo as
pessoas usarem drogas e fazerem sexo no cemitério dos índios. Não agredi
ninguém. Apenas pedi que parassem e me defendi, porque vieram pra cima
de mim. Também não ameacei nenhum índio”, defendeu-se.
O delegado Hylton Coelho, da PF de Niterói, informou que Guaraci
também foi ouvido pelos agentes federais, mas deve ser chamado novamente
para depor.
Representantes do movimento gay já se mostraram indignados com a
possibilidade de motivação homofóbica no incidente. “Hoje temos na
cidade um centro de referência para atender estes casos, mas precisamos
dar mais mobilidade a ele. É necessário implantar uma linha para que as
pessoas denunciem os casos de homofobia. Estamos preparados para dar
assistência às vítimas tanto na parte jurídica, como na psicológica”,
declarou Denise Barcelos, presidente do Grupo Unidos Niterói.
Procurada, a Funai não se manifestou até o fechamento desta edição.
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