sábado, setembro 22, 2012

Casal teria sido agredido com golpes de arma indígena em Itaipu

http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/policia/casal-teria-sido-agredido-com-golpes-de-arma-indigena-em-itaipu

 


Após ingressarem em sítio arqueológico de uma área indígena da Região Oceânica, casal teria sido atacado a golpes de tacape por um suspeito que estaria vivendo no local

Dois homens teriam sido atacados a golpes de tacape (arma indígena) após ingressarem no sítio arqueológico dos Sambaquis, área indígena em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói. A violência teria sido tão grande, que o tacape - que continha vários espinhos - teria se quebrado durante a agressão. O crime teria acontecido há cerca de um mês. Uma das vítimas registrou queixa na 81ª DP (Itaipu), mas o caso também é investigado pela Polícia Federal (PF). Segundo alguns índios da aldeia, o crime pode ter sido motivado por homofobia. Eles afirmam que o casal teria ingressado na reserva para namorar.
“Ainda estamos investigando. No momento não podemos afirmar as motivações. No dia da ocorrência a vítima disse apenas que foi agredia por um índio, sem motivos aparentes”, contou o delegado titular da 81ª DP, Gabriel Ferrando, que convocou a vítima para prestar depoimento na próxima segunda-feira.
Com receio da repercussão negativa do incidente, índios da aldeia teriam expulsado o suposto agressor, identificado por eles como Guaraci Lufranci. Eles procuraram ajuda do Conselho Comunitário da Orla da Baía de Niterói (CCOB), que redigiu ofício relatando o incidente à PF e também à Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Os índios contaram que depois do crime foram intimidados e ameaçados pelo agressor. Então, resolveram apreender todas as armas que Guaraci mantinha na aldeia – que incluiriam tacapes e machadinhas de diferentes tipos - e ordenaram que ele saísse. Eles afirmam ainda que o agressor não era índio, embora frequentasse a aldeia sob a alegação de que pretendia ajudar a preservar o sítio arqueológico”, relatou o presidente do CCOB, José de Azevedo.
“O acolhemos, mas já o expulsamos”, garante Darci Tupã, que era cacique da aldeia na época da agressão, e que agora teme pela segurança dos índios que vivem no local. “Após aquele ato de violência, quatro homens já apareceram por aqui procurando pelo Guaraci. Acredito que possam estar tentando algum ato de represália”, declarou.
Guaraci, que ontem prestou depoimento na 81ª DP, nega as afirmações contra ele. “Eu não tenho nada contra os gays. Apenas não acho certo as pessoas usarem drogas e fazerem sexo no cemitério dos índios. Não agredi ninguém. Apenas pedi que parassem e me defendi, porque vieram pra cima de mim. Também não ameacei nenhum índio”, defendeu-se.
O delegado Hylton Coelho, da PF de Niterói, informou que Guaraci também foi ouvido pelos agentes federais, mas deve ser chamado novamente para depor. 
Representantes do movimento gay já se mostraram indignados com a possibilidade de motivação homofóbica no incidente. “Hoje temos na cidade um centro de referência para atender estes casos, mas precisamos dar mais mobilidade a ele. É necessário implantar uma linha para que as pessoas denunciem os casos de homofobia. Estamos preparados para dar assistência às vítimas tanto na parte jurídica, como na psicológica”, declarou Denise Barcelos, presidente do Grupo Unidos Niterói.
Procurada, a Funai não se manifestou até o fechamento desta edição.

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