quinta-feira, janeiro 27, 2011

ASSASSINATO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO BRASIL DIA DA VISIBILIDADE TRANS

  Segundo pesquisa do Grupo Gay da Bahia, entre 1980-2011 foram assassinadas 962  travestis e transexuais no Brasil, uma média de um homicídio a cada 10 dias. Em 2008 foram assassinadas no Brasil  51 travestis, 72 em 2009 e 104 em 2010, duplicando portanto tais mortes nos últimos três anos. Os estados mais “transfóbicos” tem sido  Bahia,  Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo. Alagoas é particularmente preocupante, pois apresenta o mesmo número de assassinatos de travestis que São Paulo (7), tendo população 14 vezes menor.
Em 2010 foram assassinadas 252 LGBT no Brasil, sendo 104 travestis e transexuais (41%). Nunca antes, na história deste país, foram mortas tantas travestis! 84% das vítimas eram “travestis de pista”, assassinadas na rua, das quais 53% foram atingidas por tiros, 28% espancamento e 19% morreram esfaqueadas. Grande parte dos crimes tranfóbicos são cometidos com requintes de crueldade: a travesti Mauri, de Montalvânia, MG, recebeu 72 facadas e Maurícia, de São Luiz, 27.  Em 8% destes “travesticídios” há suspeita de envolvimento com drogas. Na Bahia, em 2010, foram assassinados 30 homossexuais, sendo 15 travestis, dos quais, cinco em Salvador.
                  "Travesti é  um ser de difícil definição científica com hábitos noturnos", declarou a  tabeliã de um cartório em Cuiabá. Apesar de preconceituosa, tem certa razão: o termo “travesti”, criado apenas em 1910 pelo sexólogo judeu-alemão Magnus Hirschfeld, continua desafiando a compreensão e consenso por parte dos estudiosos. A começar pela demografia, pois não estatística oficial sobre o número de travestis existentes no país. Nos anos 80, num congresso nacional da categoria, foram avaliados em 10 mil, subindo para 30 mil em outra estimativa nos inícios do século XXI. Segundo avaliação da Associação Nacional de Travestis, existiria mais de um milhão de trans no Brasil. Raro é o município brasileiro que não possua mais de uma travesti, as quais exigem ser referidas no  feminino e chamadas pelo nome de mulher.
                      A primeira travesti a ter carteira da OAB, a advogada Janaina Dutra, de Fortaleza, falecida em 2004, costumava dizer: “travesti é uma ilha  cercada de violência por todos os lados”. De fato, as travestis representam a minoria social mais estigmatizada na sociedade brasileira: expulsas de casa, humilhadas na escola, apartadas do mercado de trabalho, alto índice de infecção pelo HIV, baixa esperança de vida. Por volta de 90% das “trans” vivem da prostituição. Nos anúncios de encontros eróticos nos jornais e internet, apresentam-se como “bonecas”, geralmente listando seus avantajados atributos mais procurados pelos clientes, em sua maioria homens bissexuais.
Travestis e transexuais famosas têm merecido aplausos nos palcos e televisões: Rogéria, Valéria, Roberta Close, Telma Lipp e recentemente falecida, Claudia Wonder. Anos passados, o jogador Ronaldo Fenômeno envolveu-se num nebuloso escândalo com travestis. Mereceram destaque nos últimos dias a trans Lea T, top model da revista Vogue, filha de Toninho Cerezo e Ariadna, a primeira transexual  a participar do BBB11. Salvador conta com sua primeira vereadora transexual, a dançarina Leo Kret, existindo, na cidade de Colônia do Piauí uma travesti que ocupou o cargo de vice-prefeita e vereadora, Katia Tapety. Em menor número há também “os” transexuais que nasceram no sexo feminino mas se identificam com o gênero masculino: o mais combativo no Brasil é “Xandão”, ex-presidente da Parada LGBT de SP. Desde 1992 existe  a ANTRA (Articulação Nacional de Travestis), que congrega mais de uma centena de grupos organizados de trans.
Neste último fim de semana de janeiro, em todas as capitais e principais cidades brasileiras, estarão sendo realizadas manifestações, debates e exposições em comemoração ao Dia das Travestis e Transexuais (29 de janeiro).  Entre as principais reivindicações do segmento estão o respeito ao nome social feminino nas listas de chamada nas escolas, firmas, hospitais, etc. A travesti Milena Passos, Presidenta da Associação de Travestis e Transexuais de Salvador (ATRAS) lembra também da urgência de “políticas de saúde específicas para prevenção de DST/Aids, com campanhas de esclarecimento sobre uso de silicone e  hormônio e  capacitação da polícia para tratamento mais humano às profissionais do sexo. Queremos ser chamadas pelo nosso nome feminino em todas as repartições públicas. Cidadania não tem roupa certa, e transexual  também é cidadã!”
Segundo Keila Simpson, ex-Presidente da ANTRA, “o principal problema enfrentado pelas travestis é a violência e os assassinatos. Toda semana a imprensa divulga casos de travestis que foram espancadas, roubadas, outras vezes, acusadas sem provas de extorsão dos clientes.”
Em Salvador, o Dia da Visibilidade Trans será celebrado no dia 28 de janeiro, 6ª feira, as 15hs, na Praça da Sé, ação conjunta do Grupo Gay da Bahia e Associação de Travestis e Transexuais de Salvador. 
Para maiores informações e coletiva para imprensa:
Luiz Mott 3328-3782 e Milena  3322-2552 / 8887.3932
Sede do GGB, Rua Frei Vicente, 24 – Pelourinho

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